domingo, 26 de novembro de 2023

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 Lenda da Moura da Ponte de Chaves


Reza a lenda de Chaves que no século XII, uma jovem de origem moura ficara noiva do primo, Abed, filho de um guerreiro mouro que tinha sido feito alcaide depois da retoma das terras Flavienses pelos mouros. A jovem, apesar de ter aceitado o noivado, não amava o futuro marido. Anos mais tarde, os cristãos voltaram para reconquistar Chaves, e a jovem moura foi feita refém por um guerreiro cristão. A moura e o cristão apaixonaram-se vivendo felizes, enquanto o seu prometido e o seu tio fugiram de Chaves. Os cristãos ganharam a guerra restabelecendo-se a paz. Abed, que sabia do caso, nunca perdoou, e voltou à cidade vestido de mendigo, para se vingar. Um dia esperou-a na ponte romana de Trajano, quando a viu aproximar-se, pediu-lhe esmola. A moura, que lhe estendeu a mão, cruzou olhares com ele e o mouro rejeitado rogou-lhe a praga dizendo: "Para sempre ficarás encantada sob o terceiro arco desta ponte. Só o amor de um cavaleiro cristão, não aquele que te levou, poderá salvar-te." Ouviu-se um grito de mulher. A jovem tinha reconhecido Abed. Diz-se que a moura desapareceu como por magia, só umas poucas damas cristãs foram testemunhas. Desesperado, o guerreiro cristão que com ela vivia de tudo fez para a encontrar. Procurou incessantemente na ponte e até pagou para que lhe trouxessem Abed vivo para quebrar o encanto. O amado procurou a sua moura por toda a parte mas nunca a encontrou, acabando por morrer de tristeza e saudade, ao fim de alguns anos. A moura encantada da ponte nunca mais foi vista. Anos mais tarde, diz o povo que, numa noite de S. João, passava um cavaleiro cristão pela ponte quando ouviu murmúrios e pedidos de socorro. Então, uma voz de mulher pediu-lhe para descer ao terceiro arco da ponte e dar-lhe um beijo. Mas o cavaleiro hesitou. Tocou no crucifixo que trazia ao peito, recordando-se dos contos que a mãe lhe costumava contar sobre as desgraças de cavaleiros entregues aos feitiços de mouras encantadas. Perante estes pensamentos, olhou para o cavalo, montou-o e partiu, jurando nunca mais ali passar à meia-noite. Assim, ficou a moura da ponte de Chaves encantada para sempre sob o terceiro arco. Diz a lenda que agora, nas noites de São João, é possível ouvir os lamentos da moura encantada, que está eternamente castigada por se ter apaixonado um dia.
 
 
 
Após a reconquista de  Chaves pelos cristãos,
a jovem moura foi feita refém
por um guerreiro cristão
(arq. priv.)


 

A lenda reza que o jovem guerreiro cristão e a jovem moura
se apaixonaram (arq. pess.)


Abed vestido de mendigo esperou a jovem moura pedindo-lhe esmola
cruzaram olhares e ele rejeitado rogou-lhe uma praga
 (arq. pess.)



Ponte Romana de Chaves, também referida como ponte de Trajano, localiza-se sobre o rio Tâmega
onde reza a lenda que ficou a moura encantada sobre o terceiro arco para sempre (arq. priv.)

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