quarta-feira, 10 de maio de 2023

Sobre o Poeta Gastão Cruz

 Sobre Gastão Cruz,in Internet:

"“Palavras não existem / fora da nossa voz as / palavras não assistem / palavras somos nós”
Gastão Cruz, A Doença, 1963.
Um poeta que nos deixa, e ficamos mais sós no mundo. Há um poema de Gastão Cruz a que gosto sempre de regressar, uma vez que me recorda o Algarve que sempre conheci, de minha mãe e de meus avós, e de tantos amigos, muitos que já partiram. Quando percorro as ruas de Faro, não só lembro a “Gente Singular” de Manuel Teixeira Gomes, mas também, há muitos, muitos anos, o meu avô a dizer-me que ali encontrava o poeta Cândido Guerreiro. O título, “Faro, 1952”, tem a marca do ano em que nasci, mas lembra-me recordações de que ouvi falar ou que presenciei, ao longo dos tempos. Quando homenageámos em Querença Gastão Cruz no FLIQ, essas mesmas palavras soaram com especial intensidade e brilho: “O café, do outro lado a livraria / essa a meta / da tarde / quando esfria a pele / sem que / frio fique o dia, / as linguagens regressam às cúpulas / de folhas / e os treze noturnos ainda nos esperam…”. Quantas lembranças? E por isso este poema ainda ganha para mim maior sentido, já que é essa memória que aqui se recorda. “… Percorremos a rua / até onde entra nela a aragem da ria / e o café dum lado, do / outro a livraria, / à porta o chapéu largo e a barba / branca / dum poeta do passado”… Assim se ilustra bem a afirmação de Gastão Cruz sobre ser “poeta do real”, singularíssimo, na boa companhia de outros poetas como Sophia, Sena, Ruy Belo, Fiama Hasse Pais Brandão, Armando Silva Carvalho, Fernando Assis Pacheco, Luiza Neto Jorge… De facto, cada um imprime na realidade que nos cerca uma marca especial de crítica e de confronto.
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Maria Elisa Ribeiro

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