domingo, 14 de maio de 2023

Poema

 UM POUCO ALÉM-DO-ALÉM

Assustam-me os vazios que me cercam
e tentam agarrar os dias em que ME-VIVO!
Umas vezes, estou com eles-não-estando…
outras vezes, apanham-me passeando, errante como Cesário,
e nesses instantes sei ,
que estou sempre um-pouco-MAIS-ALÉM-DO-ALÉM.
Nos vazios que me cercam, retalhos de uma passada manta colorida,
sobressaem, como faces de uma donzela, os momentos das trovas
cantadas ao pé do canavial,
onde lavava os cabelos na velha fonte, que corria pelo pinhal.
Vogam ondas sem águas nesse espaço original…
ondas de quentes matrizes…
ondas de amor e ardor, que
alimentam os gelos do matagal das cantigas .
Fixando-o-mar-em-MIM, vejo, por dentro das veias ,
o perfil dos meus Vazios,
escurecido pelas barcas que
partiram de Portugal ,
deixando na água o sangue-sabor-a-mágoa,
derramado num qualquer areal.
Meus assustadores vazios de penitência rodam-Me em volta...
perdem-se com os ares dos ventos nas copas entrelaçadas
que Cesário não viu
e continuam presentes, a meu lado,
na poesia antiga-recente do meu CONTÍNUO Passado,
um pouco-ALÉM-DO-ALÉM-HÁ-TANTO-TEMPO-VIVIDO!
FEV/018
Maria Elisa Ribeiro-(Foto Google)
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