segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Poema

 






TEMPO-RIO

 

 

 

O tempo é um rio que arrasta o Onde-eu-também-sou-Água.

Nele flutuo, como folha do espaço e do tempo

 chegada aos ares de Inverno

 com sabores de Outono, já pouco florido.

 

 

Nele sigo em direcção à contemplação que me comove...este solilóquio-comigo,

às claras no meio do abrigo confuso que é o Deserto-Longe,

com vestígios de formas e cores

 em restos de palavras...vestígios de frases

odores de vírgulas...impérios de Pontuações... e miríades de areias desfeitas.

 

 

As Palavras não me abandonam, não se afastam. Permanecem em diálogo mudo

quer com o deserto, quer com o rio.

 

 

Movo-me nelas às apalpadelas,

 como um coração que quer seu sangue

e como um quarto vazio à espera da luz que  trazes,

                                                                quando me visitas.

 

No Princípio do TUDO, foi o Caos,

 condição primordial para a vida que, depois ,apareceu.

 

 

O Universo continua a criar-se

disposto, de tempos a tempos, em altares do sagrado e do profano.

 

O poema torna-se coluna vertebral,

 das coisas diferentes que são a mesma coisa,

verdadeiramente... afinal...

 

 

 

MAIO/020

©Maria Elisa Ribeiro

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