quarta-feira, 6 de junho de 2018

POEMA

Poema
Poema
ESCRITA, EM DIRECTO…
Em directo do meu Passado, escrevo a primeira página
de um irracional tédio,
que irá ficar registado entre as folhas dos rascunhos
do pensamento , num poema silencioso que (espero!) se solte, um dia,
das gavetas da minha mente.
Pássaros clássicos cogitam, na paz branca da minha página,
a canção noturna, em pousio, nos pólens do mês de Abril.
Só escreve em directo do Passado, quem se esquece do seu Presente-
-a-caminho-do-Futuro, sem nas dobras dos lençóis
do tempo das mitologias clássicas.
Os deuses, na mediania do seu dia-a-dia, vivem sem memórias…
O universo oscila no princípio das incertezas de quem, como eles,
vive sempre no presente-da-harmonia.
Em directo do Passado, na minha página branca-em-branco,
há o precioso lugar para os encantos da Infância, para o voo
rodopiante das aves em torno do mundo claro, para as vinhas cheiinhas
de vinho maduro, para o estreito rio dos vergueiros da sombra benfazeja…
Resta o Mar…
Mas a minha página branca não se irá molhar…não se desfará…
É que as ondas amam ser recordadas cheias de espumas salgadas,
com uma força descomunal capaz de atirar naus, batéis e caravelas,
para o leito de um qualquer perdido areal…
ABRIL017
Maria Elisa Ribeiro

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