terça-feira, 28 de março de 2017

Poema (Obra REGª)














Poema:

POETA- LAVRADOR

Circulam vocábulos pelo ar e pelos campos repousados,
na espera da eterna Primavera
dos sons semeados , prontos a desabrochar.


POETA-LAVRADOR!

Com dor, pintas letras matizadas, ainda por ordenar,
na cadência de uma sonata-visual!
Os arbustos das montanhas- dicionários
afastam o espírito inseguro, com que estou para lhes chegar…
As Palavras que toco com beijos alados
revoltam-se ,numa atitude de refusão…
Por cima do glaciar-fonético-lexemático ,rompe um sol de verdade
e o espírito arde na melancolia da Mensagem dos ares frios, à chegada!
Quereria sentir-me segura , neste deambular frásico…

Os seres emotivos …sofrem!

E como os nautas de Outrora que, inconscientemente,
através de ignotos mares enfrentaram o medos dos palmares,
segue o Poeta, a rota do reconhecimento da liberdade das sílabas,
para encontrar “canelas” em jóias de dicionários, de paginas amarelecidas!
As Palavras vindas das sílabas, dão-me total liberdade…
…com elas ,rezo, amo, convido e repilo…
…praguejo, cicio, sussurro…
-ENVIO-ME PARA O MUNDO!-
…desprezo e aclamo…desejo, suspiro, canto e proclamo!
Aglomero conteúdos, teço frases com sentido
e escondo-as, dentro, comigo…

O meu poema transforma-se numa Constelação!

Brilha, proporcional ao sentido que produz,
na mente de quem seduz…

Existo entre a vida dos meus poemas!

Quando a escrita desaparece dos dedos doridos do poeta,
choram Campos de Concentração…
…morrem vítimas de genocídios infernais…
…mugem refugiados dos campos de fome, da Somália e do Sudão…
sofrem seres dos Alpes aos Urais…

Corre , POETA, relata ao mundo, pela ponta da caneta,
a tristeza assinalada nas sílabas maceradas!
A Musa espera e leva-te no dorso do cavalo alado,
não permitindo que te veja desesperado!

POETA, anjo ARIEL da escrita…
Berço pesado das desditas universais…

E dos céus enluarados,
entregando-te vocábulos iluminados,
caem, por perto, areias de lexemas sagrados…

Maria Elisa Ribeiro

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