sábado, 24 de maio de 2014

POEMA (obrª regª)













Poema:

QUERO LÁ SABER!

Enquanto respiras o teu adormecer,
vai a noite rondando o mundo, a girar.

Soletro cada passo do teu respirar,
como se estivesse a aprender a ler
sílabas inesperadas de um texto incompleto,
em que quero Acontecer.

Pouco sei da estranha gramática do corpo
que te esconde a dormir,
_____________________tantos são os verbos irregulares
_____________________dos teus lábios entreabertos, a sorrir.
Adivinho os contornos do teu sonhar
____________________quando te afago o corpo, a estremecer.

[Quero lá saber de tudo o que pode acontecer!
Quero lá saber…
Quero lá saber se as ondas do mar estão calmas
a navegar num lago de espuma,
que na praia vai morrer…
Quero lá saber do que as sílabas podem contar,
quando se lembrarem do nosso olhar…
Quero lá saber…
Só te quero amanhecer…
Não quero saber dos pinheiros ululantes…nem das estrelas maiores que o luar…nem do tédio que boceja na névoa da noite…]

Acorda o rio, a deslizar nas pedras-dos-mistérios-a-correr.
Um pássaro -de-fogo com asas de ouro, mergulha nas águas
e faz deslizar as pedras polidas, como estátuas vivas.
Rasga o orvalho as pétalas macias de uma rosa rubra
a desabrochar na noite de luar.

Quero lá saber…
Cegos pelo sol que só há de dia,
meus versos cantarão outra sinfonia…

Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
Maio/014

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