quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Poema meu(Obra Regªªªª)

VENTO QUE FALA
O vento é sempre igual ao vento; não muda,
nunca,
porque não pode deixar de ser vento-ar.
Mas é diferente a sua resposta a cada folha que cai.
Ela cresce, como todas, na Primavera, seca no Outono, envelhece
durante os tantos Outonos em que as vamos vendo e fornece
oxigénio ao mundo .
No meio de tudo isto, imóvel,
vai ouvindo as borboletas, os insectos, os pássaros exaltados pelo ar e
as sementes que, na seara, não se cansam de rumorejar.
Todos os dias falo com o vento, mesmo que só quando me sacode
os cabelos,
como costumas fazer com tuas mãos inquietas…
Cerro, nesses momentos, meus olhos por um instante,
para não deixar de ver os teus…
Esse ar não me leva as palavras, pois elas retornam sempre ao seu porto
de abrigo…meus livros…meus cadernos…meus papéis…minha
memória…e mais não digo.
O vento passa e vai-falando sem pronunciar uma única palavra.
O Tempo vai cumprindo o nosso fado__________
____guitarras gemem____copos deslizam para o estômago__
____naus balançam nas águas ansiosas_____
____dores agudizam os delírios nas veias,
que levarão nosso sangue para novas odisseias.
Maria Elisa Ribeiro
AGT/017

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