INSÓNIA
Novamente apago a lâmpada, meio adormecida,
da qual tenho procurado agarrar os fios do sono.
No escuro, tacteio a noite, cansada, a ver se lhe
apanho os fios de cabelo do sono reparador.
As palavras, ainda ávidas de meus dedos, não descansam,
igualmente.
Chamo-as pelo nome, acalmo-as na débil luz que brilha,
pela janela e chamo-as pelo nome, para que não
me abandonem, quando fizer o meu poema.
Sinto-lhes o corpo esguio sussurrando no escuro,
como folhas lanceoladas prontas a ferir-me os dedos,
aos quais dão vida, quando escrevo.
Sinto-me amarga, enquanto me não respondem…
Mas é escuro…não tarda, estaremos a dormir…
Depois de o sol acordar, repousadas, menos tensas,
iremos pelo campo dar o bom-dia ao mundo
e ver a vida a reaparecer…
e sei que elas virão-
todas a monte- para eu as usar!
Maria Elisa Ribeiro
AGT/017
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