sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Poema de minha autoria-OBRA REGªªªªªªª!!!!!!!!!





















POEMA:
QUANDO A PROSA ME INVADE A POESIA

O PÓ DOS ALFABETOS

(QUANDO A PROSA ME INVADE A POESIA)

O sol espalhava-se em gritos de alegria como música
que se esvaía da tampa do piano, cujas teclas cansadas
sentiam os dedos sofridos e mesmo assim soavam de harmonia.
Coalhada de raios fulgurantes, a madrugada acordava viscosa e cinzenta,
numa névoa de miríades de insectos famintos a cortar os ares, quase
invisíveis, com uns sussurros murmurantes:zuuuuuuuuuuuum…

A voz da montanha ouviu-se, de noite, no revoar luminoso dos relâmpagos, que quase lhe roubavam as vidas, já enraizadas no útero. Chovera. Cheirava ainda a troncos de árvores magoados, a urzes e giestas afogadas e desfeitas, a flores sem cor e a fios de água, sem sabor.
No ar, sentia-se o pó dos alfabetos das tantas línguas de entidades universais…As suas vozes sopravam restos de beleza, caídos perto do velho piano, ao lado da cor de toda a música de Bach, de Chopin, de Beethoven…

Há palavras nuas, de histórias a clamar por um- ser-poeta-que-as-possa-acalmar-e-alegrar!
De meus dedos frescos como o hálito das manhãs, parte uma procura de sons lexicais que dêem vida à poeira dourada, que vai entrar na madrugada pelas asas dos seres matinais.
As minhas poeiras douradas, guardo-as com seus sopros, dentro de um cesto-sacrário, que me ajuda a inventar um-mundo-relicário.

Com as minhas poeiras douradas, meu querido vocabulário,
persigo trilhos de água nos desertos,
ninhos de andorinhas construídos no mesmo beiral, decerto!
ondas de mares contrários às verdades encobertas,
areais desejosos de esconder mentiras descobertas.
Há tantas palavras perdidas nos navios naufragados…
…nos fios da desejada seda…no marfim-do-oriente, lá mais distante…
…nas imperfeitas espirais dos turbilhões da saudade…
…nos violoncelos mudos junto dos velhos pianos,
no canto mais escondido das actuais bibliotecas…

Maria Elisa Ribeiro-DEZ/017

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