domingo, 12 de novembro de 2017

Sobre o "ACORDO ORTOGRÁFICO"

De Maria Lucia Lepecki, in Net, sobre o Acordo Ortográfico:

"Acordo Ortográfico: Catedrática brasileira Maria Lúcia Lepecki considera acordo desperdício de recursos

"Eu sempre achei que o acordo ortográfico não é preciso: um brasileiro lê perfeitamente a ortografia portuguesa e um português lê perfeitamente a ortografia brasileira. Olha a ortografia, sabe que palavra é que é, pronuncia correctamente", disse à Lusa a brasileira de nascimento e portuguesa por casamento, que vive e lecciona em Portugal desde 1970.

Portanto, "acho que é um desperdício de energias, um desperdício de dinheiro, e penso que se devia gastar o pensamento e as forças em outra coisa qualquer", sustentou Maria Lúcia Lepecki, falando à margem da 9ª edição do encontro de escritores de expressão ibérica Correntes d'Escritas, que hoje termina na Póvoa de Varzim.

"Quando houve aqui uma grande polémica sobre esse assunto, há cerca de 20 anos, eu nunca me pronunciei. Na altura, era presidente da Associação de Professores de Português e havia quem se pronunciasse por mim, veiculando a posição da associação", explicou.

Além disso, "achei que essa questão do acordo levantou uns pruridos patrióticos inexplicáveis de um lado e do outro do Atlântico", prosseguiu.

"E não existe esse problema de compreensão em cima da escrita. A escrita é uma convenção. Cada um convenciona como quer e o outro, simplesmente, aprende aquela convenção e a sua", comentou.

Mas se o acordo for ratificado e entrar em vigor, a ensaísta diz que vai cumprir.

"Se for uma lei, é evidente: eu tenho de cumprir. Todo o cidadão tem de cumprir", acrescentou.

Em 1990, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram um acordo para unificar a língua portuguesa e estabeleceram um prazo de quatro anos para a sua ratificação, que seria em 1994.

Uma década depois, em 2004, foi aprovado um protocolo de alteração prevendo que bastaria que três países o ratificassem para que o acordo entrasse em vigor.

O Brasil ratificou-o logo a seguir e dois anos depois foi a vez de Cabo Verde, São Tomé e Portugal que, contudo, não procedeu ao depósito dos instrumentos de ratificação que a lei exige.

ANC.

Lusa/fim

através de www.notícias.sapo.pt

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