quarta-feira, 10 de março de 2021

Minha poesia








MEU-LUAR-DE-MIM

 

 

 

 

Em meu  luar me adormeço,

cansada da estrada percorrida

 num temporal-não-acontecido,

neste PRESENTE que não é mais

 que um FUTURO exposto,

____________________________________mas escondido.

É tão sentido o que vos deixo escrito, que me doem

  os olhos sofridos e magoados.

 

O silêncio do corpo dos astros treme-me nas mãos.

E o vento louco do louco temporal,

embora não acontecido

 geme-me na boca ,cheiinha de maresia.

A tristeza rumorejante das águas das nuvens,

sinto-a ,em gotas,a escorrer-me pela fronte .

 

A terra tem os olhos fixos nos campos esverdeados

e nas sementeiras de trigo quase dourado,

acarinhado pelas flores coloridas dos verdes espaços

hoje quase  a parir  grão,

 que nos chegará à mesa, em forma de inigualável pão.

 

As rubras papoilas acordam ao som do velho e distante mar...

...levantam-se a sorrir aos verdes-azuis-cor-das-ondas

que só do meio da seara podem saudar.

Mais  longe,

 as ondas oceânicas bramem

 contra as rochas

cobertas de musgo ferido

 em velhos tempos de perigo.

Sentem-se proscritas, exiladas, sós,

sem saberem em que outra ilha perdida 

 irão encontrar abrigo.

 

 

No escuro da noite, ao-luar-de-mim-mesma me adormeço,

 cansada do cansaço que me reconheço.

Todos os dias, porém,a Esperança me faz deixar a porta entreaberta

à espera, é evidente, do teu sorriso claro e manso...

 

 

©Maria Elisa Ribeiro

OUT/020

 

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