quarta-feira, 30 de outubro de 2019

“A felicidade é um engano providencial que nos alimenta na alternativa do desejo e do desengano. É uma amiga cruel que nos foge com a esperança, apenas os lábios sentem o travo do absinto que a taça do prazer esconde.”
― Camilo Castelo Branco
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KDFRASES.COM
Coletânea de frases e citações de Camilo Castelo Branco

Carta de Teresa a Simão, em "Amor de Perdição"-in aesc.edu.pt:
A vida era bela, era, Simão, se a tivéssemos como tu ma
pintavas nas tuas cartas, que li há pouco! Estou vendo a casinha
que tu descrevias defronte de Coimbra, cercada de árvores,
flores e aves. A tua imaginação passeava comigo às margens do
Mondego, à hora pensativa do escurecer. Estrelava-se o céu, e a
Lua abrilhantava a água. Eu respondia com a mudez do coração
ao teu silêncio, e, animada por teu sorriso, inclinava a face ao
teu seio, como se fosse ao de minha mãe. Tudo isto li nas tuas
cartas; e parece que cessa o despedaçar da agonia enquanto a
alma se está recordando. Noutra carta, me falavas em triunfos e
glórias e imortalidade do teu nome. Também eu ia após da tua
aspiração, ou adiante dela, porque o maior quinhão dos teus
prazeres de espírito queria eu que fosse meu. Era criança há
três anos, Simão, e já entendia os teus anelos de glória, e
imaginava-os realizados como obra minha, se tu me dizias,
como disseste muitas vezes, que não serias nada sem o
estimulo do meu amor.
Ó Simão, de que céu tão lindo caímos! A hora que te escrevo, tu
estás para entrar na nau dos degredados, e eu na sepultura.
Que importa morrer, se não podemos jamais ter nesta vida a
nossa esperança de há três anos? Poderias tu com a
desesperança e com a vida, Simão? Eu não podia. Os instantes
do dormir eram os escassos benefícios que Deus me concedia;

Bom dia, meus amigos!


terça-feira, 29 de outubro de 2019

Sobre este site

História de Portugal: quem foi Gomes Freire de Andrade?

Gomes Freire de Andrade

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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Gomes Freire de Andrade (desambiguação).
Gomes Freire de AndradeCombatente Militar
Gomes Freire de Andrade.jpg
Nascimento27 de janeiro de 1757
VienaFlag of the Habsburg Monarchy.svg Áustria
Morte18 de outubro de 1817 (60 anos)
LisboaFlag of the United Kingdom of Portugal, Brazil, and the Algarves.svg Reino de Portugal
PaísFlag of Portugal (1750).svg Portugal (1782 a 1788/1790 a 24 Maio de 1807)

Flag of Russia.svg Rússia (1788 a 1790)

Flag of France.svg França (a 5 de Maio de 1814)
ForçaExército
Anos em serviço1782 - 1814
HierarquiaFlag of Portugal (1750).svg Tenente-general

Flag of Russia.svg Coronel

Flag of France.svg General de divisão
Comandos4 Regimento de Infantaria (1790-1807)

Legião Portuguesa (1810-1814)
Batalhas/Guerras
CondecoraçõesPRT Order of Christ - Knight BAR.png Cavaleiro da Ordem de Cristo
OrderStGeorge4cl rib.png Ordem de São Jorge 4 classe
Gomes Freire de Andrade e CastroGomes Freire de Andrade ou, simplesmente, Gomes Freire (Viena27 de janeiro de 1757 — OeirasOeiras e São Julião da BarraForte de São Julião da Barra18 de outubro de 1817), foi um general português.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho de António Ambrósio Pereira Freire de Andrade e Castro (? - 11 de Novembro de 1770), embaixador representante de Portugal na corte austríaca, e de sua mulher Maria Anna Elisabeth, Condessa Schaffgotsch e Baronesa von und zu Kynast und Greiffenstein (9 de Outubro de 1738 - 27 de Novembro de 1787), vinda de uma antiga e ilustre família nobre da Boémia e ainda parente da segunda mulher do Marquês de Pombal.[2][3][1]
Teve a educação que na época se costumava dar aos filhos da nobreza. Foi educado e residente em Viena até 1780.[1] Seu pai, António Ambrósio Pereira Freire de Andrade e Castro, fora um ótimo colaborador do marquês de Pombal na campanha contra a Companhia de Jesus,[4] sendo o filho Gomes Freire enviado, então, para Portugal, para onde veio com 24 anos de idade, em Fevereiro de 1781,[1] já com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo.
Destinado à carreira militar, assentou praça de cadete no regimento de Peniche, sendo em 1782 promovido a alferes. Passou à carreira naval[1] na Armada Real, embarcando em 1784 na esquadra que foi auxiliar as forças navais espanholas de Carlos III de Espanha no bombardeamento de Argel.
Regressou a Lisboa em setembro, promovido a tenente do mar da Armada Real, e em abril de 1788 voltou à carreira do exército[1] e ao antigo regimento no posto de sargento-mor.
Tendo alcançado licença para servir como voluntário[1] no exército de Catarina II, em guerra contra a Turquia, partiu para a Rússia em 1788.[1] Em São Petersburgo terá conquistado as maiores simpatias na corte e da própria imperatriz. Na campanha de 1788-1789, comandada pelo príncipe Potemkin, ter-se-á distinguido em várias campanhas[1] nas planícies do rio Danúbio, na Guerra da Crimeia e sobretudo no cerco de Oczakow, alegadamente o primeiro a entrar na frente do regimento quando a praça se rendeu em 17 de outubro de 1788 depois de cerco prolongado. Na hora das condecorações esqueceram-se dele, negando-lhe a Comenda da Ordem de São Jorge. Mas ele protesta, pede atestados de heroísmo ao coronel Markoff,[5] e a imperatriz condescende atribuindo-lhe o posto de coronel do seu exército, que em 1790 lhe foi confirmado no exército português, mesmo ausente.
Foi iniciado na Maçonaria antes de 1785, quer provavelmente em Viena na Loja Zur gekrönten Hoffnung (À Esperança Coroada), a cujo quadro pertencia, juntamente com Wolfgang Amadeus Mozart, em 1790, quer na Loja La Bienfaisance (A Benfasença), de Lyon, com o nome simbólico de Porset (?).[1] Em Portugal, pertenceu à Loja Regeneração, da qual foi Venerável Mestre.[2][1]
Depois, na esquadra do príncipe de Nassau, salva-se milagrosamente durante a batalha naval de Svensksund, quando os canhões suecos[1] fazem ir a pique a "bateria flutuante" que ele comandava. Perdeu-se toda a tripulação, mas Gomes Freire conseguiu salvar-se, acabando por receber o hábito de São Jorge, uma das Ordens mais importantes da Rússia, não das mãos da imperatriz, como se tem dito, mas sim das do príncipe de Nassau, em nome da imperatriz.[6] Houve rumores de simpatia e entusiasmo da imperatriz por Freire de Andrade, aparentemente confirmado pelas desinteligências entre ele e o príncipe de Potemkin, favorito conhecido.
Serviu, ainda, no Exército Prussiano de 1792 a 1793, contra a França.[1]
Voltou a Lisboa em 1793,[1] nomeado coronel do regimento do marquês das Minas, prestes a embarcar para a Catalunha, na divisão que Portugal enviava auxiliar a Espanha contra a República Francesa e a que chegou em 11 de novembro de 1793, seguindo por terra.[1] Nesta expedição iam estrangeiros no Estado-Maior: o duque de Northumberland, general e par de Inglaterra, o príncipe de Luxemburgo Montmorency, o conde de Chalons, o conde de Liautaud. O Regimento de Freire de Andrade e o de Cascais ocuparam a povoação de Rebós, na sua linha de batalha, correndo logo às trincheiras da ponte de Ceret, onde o exército espanhol estava a ponto de capitular. A acção do Regimento terá sido brilhante, apesar do mau desempenho de Gomes Freire de Andrade,[7] carregando os franceses com brio em combate a 26 de novembro de 1793. Em Arles, acampou em quartéis de inverno seu Regimento e o de Cascais, que constituíam a 2.ª Brigada, comandada por ele. Segundo Latino Coelho, começa aí a evidenciar-se o espírito indisciplinado e irrequieto de Gomes Freire; desordeiro e intrigante, "o animo altivo do coronel, avesso, como era a toda a sujeição, difundia na divisão auxiliar o fermento da indisciplina[8]
Mas apesar das vitórias do exército hispano-português sobre os republicanos da Convenção, a guerra do Roussillon ia-se tornar armadilha, os espanhóis tinham 18 mil feridos em hospitais e os portugueses mil homens fora de combate, enquanto os franceses recebiam constantes reforços. Em 29 de abril de 1794 o general Dugommier atacou a esquerda do exército espanhol, composta de corpos da divisão portuguesa, que sustentou o fogo do romper da manhã às 14 h, salvando o exército espanhol.
De regresso a Lisboa, em 1795, foi promovido a Marechal-de-Campo.[1]
Em 1801, participou na chamada Guerra das Laranjas contra a Espanha, distinguindo-se uma vez mais,[1] e, sendo já Maçon de prestígio, realiza-se e reúne-se em sua casa a grande assembleia que levou à organização definitiva da Maçonaria Portuguesa, com a posterior criação do Grande Oriente Lusitano, em 1802, sendo logo eleito como um dos seus principais dignitários.[1]
Entre 1801 e 1807, desempenhou papel de certo relevo, aderindo ao "Partido Inglês" contra a influência da França, e chegando a ser preso, em 1803, por tumultos dos quais o julgaram instigador.[1]
Regressado a Portugal, depois da ocupação de Portugal pelos Franceses, veio a integrar à frente a "Legião Portuguesa" criada por Jean-Andoche Junot e que, colocado sob o comando do marquês de Alorna, partiu para França em Abril de 1808, onde vem a ser recebida por Napoleão Bonaparte no dia 1 de Junho. Combateu em Espanha, Alemanha, Suíça, Áustria e Polónia e participou na campanha da Rússia, até 1813. Foi, ainda, Governador Militar de Danzigue, em 1812, de Jena, em 1813, e de Dresden, em 1813, na Alemanha, e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Jena em 1813. Esteve preso, e passou a França e à Grã-Bretanha e Irlanda, regressando, finalmente, a Portugal, em Maio de 1815, onde, depois de estar novamente preso, o declararam inocente, embora sem o reintegrarem no Exército.[1]
Entretanto, fez parte da Loja Militar Portuguesa Chevaliers de la Croix (Cavaleiros da Cruz), instalada em Grenoble, entre 1808 e 1813,[2] e veio a ser o 5.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, de 1815 ou 1816 a 1817, cargo que desempenhava ao ser preso e executado.[9][2][1]

Acusação[editar | editar código-fonte]

Cheio de prestígio, partidário das ideias liberais, foi, naturalmente, encarado como chefe do movimento contra a influência inglesa e o regime absoluto, embora não tivesse participado activamente em qualquer conspiração.[1]
Libertado Portugal da ocupação das tropas francesas, e após a derrota de Napoleão, Freire de Andrade ao regressar a Portugal, veio a ser preso, implicado e acusado de liderar uma conspiração em 1817,[1] contra a monarquia de Dom João VI, em Portugal continental representada pela Regência, então sob o governo militar britânico do marechal William Carr Beresford.
Foi, em Maio desse ano, detido, preso, tratado como um criminoso, conhecendo, apenas, um simulacro de julgamento,[1] no qual foi seu advogado de defesa Filipe Arnaud de Medeiros, e condenado à morte e enforcado (embora tenha pedido para ser fuzilado) junto ao Forte de São Julião da Barra, em Oeiras,[1] por crime de traição à Pátria junto com outras onze pessoas: o coronel Manuel Monteiro de Carvalho, os majores José Campelo de Miranda e José da Fonseca Neves e mais oito oficiais do Exército.[2] Essa data, 18 de Outubro, foi, durante mais de um século, dia de luto na Maçonaria Portuguesa. Ainda hoje o seu nome é venerado como um dos grandes maçons e mártires da Liberdade de todos os tempos, tendo sido numerosas as lojas crismadas com o seu nome e abundantes os iniciados que o escolheram como nome simbólico.[2] Ficou na História como símbolo dos mártires da Liberdade.[1]
Após o julgamento e execução do tenente-general e outros, Beresford deslocou-se ao Brasil para pedir mais poderes. Havia pretendido suspender a execução da sentença até que fosse confirmada pelo soberano mas a Regência, "melindrando-se de semelhante insinuação como se sentisse intuito de diminuir-se-lhe a autoridade, imperiosa e arrogante ordena que se proceda à execução imediatamente".[10]
Este procedimento da Regência e de Lord Beresford, comandante em chefe britânico do Exército português e regente de facto do reino de Portugal, levou a protestos e intensificou a tendência anti-britânica, o que conduziu o país à Revolução do Porto e à queda de Beresford (1820), impedido de desembarcar em Lisboa ao retornar do Brasil, onde conseguira de D. João VI maiores poderes.
Foi impressa uma nota de 100$00 Chapa 4 de Portugal com a sua imagem.[11]