Poema:
QUANDO A PROSA ME INVADE A POESIA…
(AO FIM DA TARDE)
Sussurra o vento nas árvores frondosas onde os rouxinóis soltam o canto das manhãs. Ondas do mar acordam também e encantam flores abertas-a-cobrir encostas de montanhas coloridas.
Ruge o Sol, perdido de calor, a verter raios nos horizontes, bordados a flor-de-rosmaninho. Da palma da mão de um penhasco, correm meus olhos pela vastidão das águas brilhantes no mar prateado, a perderem-se na vastidão da espuma dos pensamentos.
E versos do fim da tarde acordam ao anoitecer. O silêncio acolhe-os à hora crepuscular dos horizontes avermelhados, na linha desvanecida entre a terra e o desconhecido.
As palavras fermentam seja a que hora fôr…
…e saltam do aparente nada para a vida real,
como flor que desabrocha num leito de amor,
no auge de todo o calor.
Essa é a hora do poeta frente ao sol e frente ao mar,
frente aos lexemas, aos fonemas e aos pontos de interrogação,
que não respondem a nenhuma questão.
Ciciam brisas na margem da palma das mãos, que se lhes entregam em constante oração-segredo, a rumorejar nas frestas do arvoredo.
Os deuses aninham-se no interior dos loureiros das glórias. Nos pinhais, a marulhar, esconde-se o ventre das histórias das pérolas-do-oriente, em mundos saídos das águas, abertas à memória dos búzios-trovadores.
Maria Elisa Ribeiro
MRÇ/015
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