sexta-feira, 19 de março de 2021

Artigo de Luís Osório sobre as duas personagens!

 POSTAL DO DIA

A absurda comparação de Meghan com Diana
1.
Meghan e Harry deram uma polémica entrevista a Oprah.
As ondas de choque foram tantas que a Rainha comentou o assunto em comunicado e o irmão de Harry, e futuro Rei, se indignou. Houve demissões, debates acalorados e opiniões das mais variadas personalidades.
Não quero falar sobre o futuro da monarquia ou sobre o alegado racismo da família real britânica.
Prefiro escrever hoje acerca da narrativa de que Meghan é uma segunda princesa Diana.
Uma comparação absurda.
2.
Diana foi a primeira mulher com uma dimensão pública global a abraçar um seropositivo quando a SIDA ainda era vista pela maioria como um castigo divino. A princesa, em 1987, quando o mundo ostracizava os seropositivos, fez questão de cumprimentar o único doente que não se importou de dar a cara (por estar a morrer) na inauguração da primeira clínica em Inglaterra a tratar exclusivamente doentes com SIDA.
Disse ela:
“O HIV não faz com que seja um risco encontrar pessoas. Pode-se apertar suas mãos e abraçá-las, e eles precisam muito de um abraço”.
Conseguem imaginar o impacto destas declarações e daquele abraço?
Conseguem imaginar o que isso significou para a compreensão e aceitação social da doença e dos doentes?
3.
Diana foi a primeira a ir a Angola para denunciar as minas terrestres. Quem se poderá esquecer das crianças mutiladas nos seus braços?
Fazem ideia do que isso significava naquela altura?
E a coragem que era necessária para o fazer?
O tema passou a estar na agenda mediática e a catástrofe foi atenuada graças ao que fez.
4.
Diana ousou ser livre pagando o preço por isso.
Fez acontecer, desafiou o status quo, foi sempre uma mulher que nunca se colocou de fora do mundo, que nunca viveu numa bolha.
Comparar Diana e Meghan é um insulto.
Meghan pode ser extraordinária, apaixonante e ter razão em tudo o que diz – não faço a mais pequena ideia.
O que sei é o óbvio.
O que fez até agora, o que pensou e disse, não a aproximam de Diana, pelo contrário.
Uma vive focada no seu próprio mundo.
A outra viveu atormentada, mas em compromisso com o mundo.
Não é diferença pouca.
LO

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