quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Poema:





POEMA:
ADÁGIO NAS ÁGUAS…








De doiradas areias revestido
um frio amanhecer acorda, no areal estendido.
Inquieto, o mar não pára de baloiçar
revolteando as ondas, num contínuo subir e descer.
Águas azuis, cobertas de escamas prateadas batem, sensuais,
nas areias adormecidas
onde restos de tempestade repousam,
numa tortura de mil emoções perdidas.
Uma música estranha e mágica
provém do mistério oceânico…




Junto ao nevoeiro da maresia, oiço essa música gloriosa
a passear por entre bocados do mar , pedrinhas de areia,
nácares da maré cheia , búzios vazios fechados ao segredo…




Vozes dos tempos do mar…adágios de ondas a amar…




Tudo é indiferente ao sangue das nossas veias!
Amo a vida, a cada momento de cada espaço,
desde que sinta a meu lado, a força do teu a braço.




O amor realiza a vida na vida!




Uma mística rede de música protege-nos do frio do mar
e das ondas furibundas.
No beijo que damos sorvemos goles de âmbar…
…e poluímos a areia, amando-nos!
Nas águas, há medusas, confusas com a nossa música,
deitada na espuma acastanhada do areal.




Aproxima-se a noite…entristecemos, calados, a hora da despedida…
O marulhar do mundo, no nosso hino, emudece e
deixamos de ouvir a música dos momentos de sonho.




Mas o nosso amoral sentido deseja a Vida!
Instinto de viver feito consciência deita-nos na areia
a ver o céu de loucas estrelas borbulhantes
acariciando os olhos de todos os amantes.




Ao longe, há naufrágios de contínuas desesperanças
onde soam marchas fúnebres de forçosa temperança.
No brilho do desejo, de olhos cerrados,
ouve-se o apelo dum luar de paixão
numa alvorada de silêncios argutos.




Uma conjugação silenciosa do cosmos deixa-nos ouvir
o adágio das águas, em danças de amor.
…e no meio dos pedaços de rocha, plantados no oceano,
há cerejeiras a florir num jardim adormecido,
prontas a descerrar pálpebras, ao alvorecer…




Maria Elisa Ribeiro -JAN/012

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