sábado, 25 de outubro de 2014

POEMA MEU





Poema




GRITAM, AS SOMBRAS DOS VENTOS…

Quando o sol começa a esconder-se, vê-se que o horizonte mais parece a cauda de um pavão de tons iridescentes, imprecisos, dignos da Hora de uma solene Oração.


Neste horizonte-fortaleza- santuário, miríades de estrelas vão acordando, lentamente, num leito firmamento de um azul-beleza ofuscante.

Os pastores recolhem os últimos gados e já não podemos ouvir as cores do dia, que a flauta cantou, à alegria do sol.

A hora é a da solidão a seguir ao encontro com as verdades amargas, de cada um de nós.

Inspiramos o claro e verde aroma das folhas dos eucaliptos; delicia-nos o som do milho a estalar na seara, enquanto a água fresca, límpida e cantante, desliza, pura e rumorejante, pelo leito-matriz.

O mar esconde a espuma e adormece a caruma nos pinhais, deitada no orvalho das horas mortas.

No mar não há tempo para novas viagens de circum-navegação.

Quando o sol começa a esconder-se, avança por entre nuvens incipientes e difusas, a claridade pálida da lua…um mito…um império…uma gota de luz, onde se adivinha a verdade de um poema que reluz.

Desenho-lhe as curvas com letras, com sílabas, com versos controversos, e deixo-o à janela da ventania, que o fará secar no abraço das árvores, que se erguerão, de novo, à nova luz do dia.

Com o sol escondido,
as sombras do vento serão as primeiras a gritar,
enquanto o nosso tempo corre livre
pelos silvados
a entoar o Cântico das horas passadas…




Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
Julho/014

Sem comentários:

Enviar um comentário