"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
domingo, 5 de outubro de 2014
A SITUAÇÃO PORTUGUESA...(via "Público.pt")
Sondagem ao “novo ciclo” pré-legislativas
SÃO JOSÉ ALMEIDA
05/10/2014 - 09:12
Em quinze dias, a imagem do país político mudou. O caso Tecnoforma, as primárias no PS, o Congresso do Livre, o lançamento do PDR vão dar ou não origem a um novo ciclo político?
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É hoje lançado um novo partido, o Partido Democrático Republicano, liderado por Marinho e Pinto, no mesmo dia em que o Livre de Rui Tavares realiza o seu primeiro Congresso e oito dias depois de António Costa ter sido eleito candidato a primeiro-ministro pelos militantes e simpatizantes do PS, restando agora a sua eleição formal como secretário-geral em eleições directas.
Numa semana, uma série de acontecimentos parece mudar a imagem do país político. Isto depois de ter voltado a ser notícia o caso da Tecnoforma, em que o primeiro-ministro se viu envolvido. Invocando o funcionamento das instituições, Passos Coelho remeteu a investigação para a Procuradoria-Geral e apenas se explicou perante o Parlamento, avançando com os argumentos de defesa que lhe assistiam. Mas o resultado final pode ter sido um desgaste da imagem do primeiro-ministro.
Como diz Pedro Adão e Silva, sociólogo e professor do ISCTE, que no passado integrou a direcção do PS com Ferro Rodrigues, nos últimos dias “ocorreram e coincidiram mudanças que em conjunto se traduzem numa mudança profunda, são desligadas mas têm efeito em conjunto”. Por isso, o PÚBLICO questionou vários analistas sobre o significado e o alcance que estas mudanças podem ter no futuro político do país no ciclo pré-legislativas nos próximos meses. E no qual as evoluções e sobretudo as soluções dependerão, é certo, do que se passar na União Europeia.
“Há também um factor externo que aumenta a volatilidade e a indefinição sobre que soluções serão encontradas” em Portugal, afirma o antigo dirigente do PS e ministro das Obras Públicas de António Guterres, João Cravinho. “A Itália e a França dizem que não podem aguentar-se política e economicamente com os critérios de cumprimento do défice e com o respeito pelo Tratado Orçamental. E Mario Draghi tem defendido um novo papel para o BCE. Estas questões serão um teste a Jean-Claude Juncker”, defende Cravinho, lembrando que “são coisas que não se sabe como irão evoluir, nem como Portugal deverá agir”.
A credibilidade de Passos
O caso Tecnoforma levantou dúvidas sobre Passos Coelho que podem ter abalado a sua credibilidade junto da opinião pública. Para Paulo Teixeira Pinto, ex-dirigente do PSD e ex-membro dos governos de Cavaco Silva, este “é um assunto que é desagradável porque era daqueles que era impensável ser levantado”.
Paulo Teixeira Pinto não hesita em afirmar: “Tenho confiança absoluta no primeiro-ministro, que considero uma pessoa de integridade.” E sublinha que, em sua opinião, este caso “não terá efeitos”. Até porque não acredita que “o PS vá usar esse tipo de argumentação”. Para mais, quando “António Costa foi vítima de acusações na campanha, não irá fazer isso”.
Por sua vez, Ângelo Correia, antigo dirigente e antigo ministro pelo PSD, sustenta que se tem visto “levantar muitas insinuações sobre pessoas e que depois não têm razão de ser”, pelo que considera “prematuro fazer qualquer análise sobre a imagem que a opinião pública faz deste caso”.
Para Ângelo Correia, “a grande questão para o Governo é a erosão da classe média”, uma vez que “é a classe média que está a pagar a factura da crise”. E até às legislativas “o PS pode tentar atrair a classe média”, enquanto “o PSD e o CDS terão grande dificuldade em a reganhar”.
Adão e Silva contrapõe um outro ângulo de análise no que toca às consequências do caso Tecnoforma na imagem de Passos Coelho. “O problema do primeiro-ministro é a forma como respondeu as primeiras vezes”, afirma este sociólogo, argumentando que “ficou criada a imagem, ficou ferida a imagem do primeiro-ministro imune à promiscuidade entre negócios e política”. E conclui: “A imagem do primeiro-ministro que vive em Massamá, vai ao supermercado e passa férias em Quarteira foi ferida.”
João Cravinho admite que “tudo prescreveu”, mas adverte: “O que está em causa é termos alguém que mereça confiança. É a tal pergunta que se fazia sobre Nixon [depois do caso Watergate]: ‘Você comprava um carro a este homem?’. Nos momentos de crise, o carácter é o mais importante num político. Churchill ganhou a guerra também porque tinha carácter.”
Condicionar a AR
Todavia, João Cravinho lembra um outro facto recente que é “outro factor interno” com influência na imagem do Governo e da maioria do PSD e do CDS. “Não é só Passos a ter pés de barro, também o Parlamento através da maioria.” E explica: “Refiro-me ao que está a acontecer no inquérito sobre armamentos. A maioria condicionou a apresentação de provas. E não hesita em apagar a missão da comissão e deturpar as regras democráticas.” Cravinho aponta também o dedo à oposição que, em seu entender, “tem andado mal e colocado em cheque a própria democracia”.
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