sexta-feira, 11 de agosto de 2023

 





VERSOS…NATURALMENTE! 

 

 

 

Versos de Eugénio, naturalmente, onde sem

a claridade diurna dos pássaros cheios de vida,

o poema não vive, porque não voa.

 

Versos de Sophia, naturalmente, onde sem

os sons da antiguidade, o poema não cresce

sem Liberdade, Justiça e Verdade.

 

Versos de Pessoa, não tão naturalmente…

porque a realidade da verdade só se vê no reverso do verso,

permanentemente.

 

O sol sorri na praia e eu apanho-o com as mãos.

 

Na palma das mãos a memória tem a memória curta,

naturalmente,

porque as mãos se abrem e fecham para deixarem passar

os golpes das tempestades,

 que não têm memória nenhuma…

conhecem somente o que vêem

em despudoradas ondas de espuma,

que batem, furiosamente,

 contra as falésias cobrindo-as de obscura bruma.

 

O sol sorri na praia e eu apanho-o com as mãos.

 

Mas onde vou pôr o poema,

que se liberta com os ares da tempestade,

que não tem memória nenhuma?

 

O poema está guardado num refúgio,

deitado numa folha de papel

e ao meio dia do sol espreita da toca labiríntica

e aparece cheio de vida, com sabor a mel e a fel.

 

Versos de Camões, naturalmente;

 cantam o sol dos dias e as luas da noite,

 com os olhos a saber a sal vindo das ondas bojudas,

que cascateiam as águas rendadas dos rugidos oceânicos.

 

 

 

©Maria Elisa Ribeiro- Maio-2019


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