sexta-feira, 11 de agosto de 2023

POEMA: " ENTRE ASPAS"

 





ENTRE ASPAS

 

 

Arrumo coisas no meu interior  profundo

à espera de um dia entender

tudo o que não percebia.

Vejo-me tão cruamente viva, que a crua luz

que ontem via, só hoje, verdadeiramente, me iluminou.

Nada sei do mundo-todo-vivo,

porque esse mundo tem a força de um Inferno.

Penso na imagem de um ser perdido no

calor abrasador de um “canyon”, de um deserto

colossal como o do Nevada, de uma estepe estéril

onde não se crie nada…

 

Tempos houve

 em que a ordem natural das coisas era estar pronto a Viver!

 

São cinco horas da madrugada de todos os dias…

Virá o sol, virá a chuva, virão as neves , virão ainda,

alegres e alvoroçadas, as aves emplumadas.

 

Possui-me a Interrogação…Entrego-lhe o Ponto de Exclamação

da minha tenacidade de ir-andando,

mesmo com os joelhos em sangue, na dolorosa Peregrinação.

 

Não amo a fotografia que não reflecte a verdade do meu interior…

Nem amo o espelho sem alma, que não consegue ver

o que me alegra ou desalma…

 

Essa sou Eu…entre aspas!

Continuo a arrumar coisas e assuntos no meu interior

para que a minha moralidade profunda me ajude

neste desejo de entender a Imagem-não do que fui-

mas apenas do que-vou-sendo-no-que-quero-ser…

 

 

Maria Elisa Ribeiro-Portugal

AGT/016

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