segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Poema: NAUTILUS

 




POEMA: NAUTILUS...

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Mitifiquei o amor no momento da trasfega

de uma confluência cósmica.

O tremor dos astros, atónitos, aliou-se,

para fazer cair meu ninho sobrenatural,

no imortal ensejo de fugir à refrega.

A Lua, ciosa, segurou seu brilho natural,

que costumava plasmar em teus olhos…

Amedrontada, escondi-me numa concha de nácar

que gritava sons de Mar, para me apaziguar.

Encontrei –me numa convulsão de assimetrias

de emoções, que inibiu a força das minhas ilusões…

A utopia não aconteceu…a retesia continuou

para desespero da alma… que não acreditou…

Na cosmogenia da vida, procuro o telurismo meu

que, de súbito, desapareceu, tornando-me vulnerável.

Planos inclinados do Universo procuram a desesperada alquimia,

na Geometria das operações imperfeitas…

Tintas da cor do mar, apagaram os tons descríveis do teu olhar…

Os cheiros das vidas marinhas devolveram-me a sintonia!

O vulcão dentro de mim, alma –poesia que me alimenta,

força-me a estar atenta …

Coros de deuses e anjos, desalinhados, desafinados da harmonia

hierárquica mística, preparam-se para ouvir o nascer do dia.

Febo, robusto, aparece, imortal, por cima

da montanha vermelha, coberta de lava resvalante…

Apolo, pega a sua flauta de PAN e, a seu lado,

toca as notas da mais bela melodia, no alvor de um novo dia!

É a Vida do HOMEM-SER a acontecer!

Do alto do firmamento inquieto,

detecto uma fina voz, de estrela perdida do “rebanho “ de luz,

confusa com a fúria dos elementos, que lutam pela vida!

Que resta ao Homem, na agonia que os próprios astros consomem,

em desusada euforia?

Atravessa-me um brilho natural, uma luz de luar amigo…

…o que tratou do meu abrigo numa concha de madrepérola…

…no fundo de um mar de magia, com meu cunho de aura-fogo!

Cala-se a Noite. Não toma partido no meu encontro-vida!

Tem medo que me desfaça, tal NÁUTILOS atirado contra a carcaça

portentosa, da imersa montanha, poderosa…

E…

acordo do pesadelo!

A meu lado, deitada na mesinha de cabeceira,

uma concha deslumbrada,

cintilante,

cambaleia

no seu odor de água salgada…

Maria Elisa Ribeiro

2015(?)

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