REBANHOS DE DESESPERO
Do alto de
um penhasco sobranceiro ao mar e
nele
espelhado pela força do luar
senti-me num
errante deambular pela grandeza das antigas
arqueologias
que sobreviveram aos arroubos das águas a
marulhar.*
Gosto desta
minha errante vagabundagem e desta coragem de me enfrentar.*
Uivam as
ondas poderosas viradas para os elementos magmáticos...*
Pelo ar
correm silvos agudos de rajadas de ventos seculares
como que
desejando fazer regressar
as eras enterradas, soterradas, já passadas.*
O Eu
desespera
numa solidão de rebanho
que o vento não permite atinar
com as
pedras e as ervas montanha abaixo.
Brisa
nocturna, soturna, parecida com os ais lançados ao relento
No preciso
momento do tormento
das almas
antepassadas no mar sepultadas.*
Dantesca
onírica visão!
Vejo naus e
caravelas, sem rumo conhecido,
buscando o desconhecido.
Assomam ao
cimo das ondas alterosas e,como fantasmas
escondem-se
nas suas curvas profundas.*
Pastora
neste rebanho de águas temerosas,
paralisada
pelo frio da energia que não me dás, amor,
desço o
penhasco...passo a floresta do desespero
na companhia
de duendos, elfos e outros seres ardilosos
deixo a
companhia vulcânco/ magmática das águas revoltas...*
e recolho ao
meu redil, como dantes
medularmente
só, triste e febril...
Maria Elisa
Ribeiro
©SET/2015
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