quarta-feira, 30 de agosto de 2023

POEMA: REBANHOS DE DESESPERO

 





REBANHOS DE DESESPERO

 

 

Do alto de um penhasco sobranceiro ao mar e

nele espelhado pela força do luar

senti-me num errante deambular pela grandeza das antigas

arqueologias

 que sobreviveram aos arroubos das águas a marulhar.*

 

Gosto desta minha errante vagabundagem e desta coragem de me enfrentar.*

 

Uivam as ondas poderosas viradas para os elementos magmáticos...*

 

Pelo ar correm silvos agudos de rajadas de ventos seculares

como que desejando fazer regressar

 as eras enterradas, soterradas, já passadas.*

 

O Eu desespera

 numa solidão de rebanho

 que o vento não permite atinar

com as pedras e as ervas montanha abaixo.

 

Brisa nocturna, soturna, parecida com os ais lançados ao relento

No preciso momento do tormento

das almas antepassadas  no mar sepultadas.*

 

Dantesca onírica visão!

Vejo naus e caravelas, sem rumo conhecido,

 buscando o desconhecido.

Assomam ao cimo das ondas alterosas e,como fantasmas

escondem-se nas suas curvas profundas.*

 

 

Pastora neste rebanho de águas temerosas,

paralisada pelo frio da energia que não me dás, amor,

desço o penhasco...passo a floresta do desespero

na companhia de duendos, elfos e outros seres ardilosos

deixo a companhia vulcânco/ magmática das águas revoltas...*

e recolho ao meu redil, como dantes

medularmente só, triste e febril...

 

 

Maria Elisa Ribeiro

©SET/2015

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