terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

POEMA

 







HOJE, A SOLIDÃO É VERDE…

 

 

Dantes, a meu lado, incómodo e adormecido,

estava meu-eu-não-liberto, inconsciente, escondido.

 

Mas esse lado cresceu…

Passeou pelas margens dos canais emparedados,

 nos rios melodiosos -a-correr para trigais orgulhosos…

Viu águas-tempo-a-deslizar

nas flores a desdenhar os sopros de vento…

Alimentou-se e viveu  na palavra que floriu, se libertou e viveu,

cheirosa, como cravo de Abril-do-contentamento.

 

Companheiro infatigável de cruzadas navegadas

à força de águas-mil, bebe comigo, agora, o fel que o fado

 tinha reservado, numa guitarra chorosa de saudades

da alegria febril.

 

[A Pátria é o céu onde te perderes…

E quando de Ítaca regressares,

 meu corpo te tocará no espírito que me habita.]

 

Hoje, é verde, a solidão!

Verdes campos…………….verdes ventos…………..verdes madeiros

no mar da esperança de , a teu lado, navegar!

…verdes ramos a rebolar ao vento das madrugadas de verdes lembranças,

sob uma lua cigana de agitadas temperanças…

Hoje, a solidão é vermelha de rubor…

É fénix renascida em chamas de calor de lava  a escorrer

pelas ravinas ,

 em curvas de contentamento…

…e legiões de estrelas passam à margem de um mundo-dedo-de-mel

consciente…………..determinado…………..profundo como um batel…………..

 

 

[D’Antes-Outrora,

o  Agora foi o Presente-inconsciente-do-Futuro.]

 

Nas brancas águas dos rios,

 de sussurros imemoriais,

não há grilhetas que prendam ,

o ouro dos girassóis.

 

E em Paris,

 no meio de tanto frio,

prometo enrolar-me a ti,

sem temer a  neve

que possa cair no  rio.

 

Nesse mesmo perene instante,

a  solidão é de um verde forte…

Verde – Esperança  que brilha-e-rebrilha,

nos olhos de uma criança.

 

 

©Maria Elisa Ribeiro

Junho/2012

 

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