HOJE, A SOLIDÃO É VERDE…
Dantes, a meu lado, incómodo e adormecido,
estava meu-eu-não-liberto, inconsciente, escondido.
Mas esse lado
cresceu…
Passeou pelas margens dos canais emparedados,
nos rios melodiosos
-a-correr para trigais orgulhosos…
Viu águas-tempo-a-deslizar
nas flores a desdenhar os sopros de vento…
Alimentou-se e viveu na palavra que floriu, se libertou e viveu,
cheirosa, como cravo
de Abril-do-contentamento.
Companheiro infatigável de cruzadas navegadas
à força de águas-mil, bebe comigo, agora, o fel que o fado
tinha reservado, numa
guitarra chorosa de saudades
da alegria febril.
[A Pátria é o céu
onde te perderes…
E quando de Ítaca
regressares,
meu corpo te tocará no espírito que me
habita.]
Hoje, é verde, a solidão!
Verdes campos…………….verdes ventos…………..verdes madeiros
no mar da esperança de , a teu lado, navegar!
…verdes ramos a rebolar ao vento das madrugadas de verdes
lembranças,
sob uma lua cigana de agitadas temperanças…
Hoje, a solidão é
vermelha de rubor…
É fénix renascida em chamas de calor de lava a escorrer
pelas ravinas ,
em curvas de
contentamento…
…e legiões de estrelas passam à margem de um
mundo-dedo-de-mel
consciente…………..determinado…………..profundo como um
batel…………..
[D’Antes-Outrora,
o Agora foi o Presente-inconsciente-do-Futuro.]
Nas brancas águas dos rios,
de sussurros
imemoriais,
não há grilhetas que prendam ,
o ouro dos girassóis.
E em Paris,
no meio de tanto
frio,
prometo enrolar-me a ti,
sem temer a neve
que possa cair no rio.
Nesse mesmo perene instante,
a solidão é de um
verde forte…
Verde – Esperança que
brilha-e-rebrilha,
nos olhos de uma criança.
©Maria Elisa Ribeiro
Junho/2012
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