segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

POEMA

 





A ÁGUA DAS PALAVRAS

 

 

Em lenta liberdade a água desposa o mundo ignorado

Da matéria que a matéria engloba.

 

Em suaves sílabas e dedos ondulados em células transparentes

a água ,indolente,

apaga os caminhos das areias e chama pelos sulcos da ilusão.

 

É múltiplo o seu olhar em tudo o que alcança.

 

Cobre os secos campos, dá vida aos estéreis rios e ribeiros,

vive novos horizontes e cada sua gota perfuma o sussurro

que o ouvido humano serenamente escuta.

 

A água das palavras, sereno lençol que ama o silêncio,

derrama vida nos poemas de luz e torna-se a concha

do sossego da flora branca a murmurar o respiro solar.

 

Pelos caminhos estendidos até à garganta da terra

permite que ouçamos as asas dos insectos

 a voar,

 para a sólida respiração solar que seca os campos

molhados de sementes airosas.

 

 

 

Maria Elisa Ribeiro

©Jan/2024

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