A ÁGUA DAS PALAVRAS
Em lenta
liberdade a água desposa o mundo ignorado
Da matéria
que a matéria engloba.
Em suaves
sílabas e dedos ondulados em células transparentes
a água
,indolente,
apaga os
caminhos das areias e chama pelos sulcos da ilusão.
É múltiplo o
seu olhar em tudo o que alcança.
Cobre os
secos campos, dá vida aos estéreis rios e ribeiros,
vive novos
horizontes e cada sua gota perfuma o sussurro
que o ouvido
humano serenamente escuta.
A água das
palavras, sereno lençol que ama o silêncio,
derrama vida
nos poemas de luz e torna-se a concha
do sossego
da flora branca a murmurar o respiro solar.
Pelos
caminhos estendidos até à garganta da terra
permite que
ouçamos as asas dos insectos
a voar,
para a sólida respiração solar que seca os
campos
molhados de
sementes airosas.
Maria Elisa
Ribeiro
©Jan/2024
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