segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

POEMA

 A ÁGUA DAS PALAVRAS

Em lenta liberdade a água desposa o mundo ignorado
Da matéria que a matéria engloba.
Em suaves sílabas e dedos ondulados em células transparentes
a água ,indolente,
apaga os caminhos das areias e chama pelos sulcos da ilusão.
É múltiplo o seu olhar em tudo o que alcança.
Cobre os secos campos, dá vida aos estéreis rios e ribeiros,
vive novos horizontes e cada sua gota perfuma o sussurro
que o ouvido humano serenamente escuta.
A água das palavras, sereno lençol que ama o silêncio,
derrama vida nos poemas de luz e torna-se a concha
do sossego da flora branca a murmurar o respiro solar.
Pelos caminhos estendidos até à garganta da terra
permite que ouçamos as asas dos insectos
a voar,
para a sólida respiração solar que seca os campos
molhados de sementes airosas.
Maria Elisa Ribeiro
©Jan/2024
Pode ser uma imagem de massa de água

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