segunda-feira, 26 de julho de 2021

Poema

 






POEMA

 

DIÁLOGOS DE SOLIDÃO

 

Urgente se torna ,

ao fim do dia,

despir as vestes e pendurá-las num armário

onde se fecham odores a devassar a intimidade que envergámos,

na incomensurável verdade da realidade-corpo-vivo-dos-dias-no-tempo.

 

A noite fecha-se em torno de todos os ritos de passagem e sentimo-nos

como comboio que vai partir,

 rumo a interrogações seculares.

 

Iremos a promontórios românticos

desenhados perto do sufoco da abóbada celeste,

onde a solidão encontrará todas as outras solidões

de seres e de aromas

que vão entrar em diálogo

de circunstância,

no silêncio do firmamento iluminado pelas mãos dos deuses dos mundos

criados, nunca entendidos…

 

E são belas, as Horas, só por existirem comigo dentro delas!

 

São belos os dias que nos respiram num sopro divino que galga a força do tempo

no -vento-de-existir,

mesmo quando inalamos dúvidas-sem-resposta que não a do sol,

das aves e da luz do dia,

 em que envergamos vestes num equilíbrio

de proporções-tessituras-de-harmonia,

onde versões cristalinas do Viver avançam em sintonia com a música-do-Existir.

 

Inquietantes visões nocturnas do despir o corpo no vestir a alma,

em equilíbrio-do-desequilíbrio-das-emoções…

São tantas as palavras penduradas no ânimo irrequieto dos-cabides-da-vida!

 

Adio o sono…

 

Centro-me no silêncio azul de um mar a brilhar rasgos de luz estrelada,

                                                                      numa poesia de espuma libertadora

                                                                                às voltas numa onda-de-madrugada…

 

 

 

Maria Elisa Ribeiro

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário