sábado, 3 de julho de 2021

POEMA:








 

Palavras pingo de mel

 

São verdes as tintas com que escrevo

as ervas vivas dos campos,

as folhas das árvores de onde as letras

me chamam,

 cantando, para olhar

as constelações de sílabas que

provocam o gritar das palavras do meu poema.

 

Se o verde é Esperança,

espero vê-lo modelado

numa chuva de folhas

com que um pintor impressionista

me cobre o corpo,

 típica tela do meu poema esverdeado.

 

 

Falo e deixo cair uma palavra rubra

no meu dia que tem a forma de um rio

onde, a deslizar,

 bebo a água das águas

que fizeram  minha infância de profecias,

vividas como a deste Presente que passou,

de repente, a Passado.

 

Olho a tela da Esperança...

Vejo-me num campo de milho maduro,

pertinho de uma figueira onde as Palavras

sabem a figos de pingo-mel dourado,

 a dar vida  ao solo de sementes afogado.

 

 

©Maria Elisa  Ribeiro

Todos os Direitos Reservados

JNH/2021

 

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