POEMA
em nós, só eu existi
com meus braços
que te apertaram,
exaustivamente,
com meus olhos
que te olharam,
sofregamente,
com meus lábios que tão docemente
te beijaram…
se a memória o permitir,
deixa que os lábios sangrem de saudade
e que ela siga nesse sangue caminheiro
a correr pelas tuas veias,
em direcção ao porto derradeiro…
o coração-por-inteiro
as mãos com que me viveste…
essas, abandona-as…
…e, dado que não posso voltar
à primeira vez que te amei
leva, então, TUDO…teu corpo, teu sentir, teu viver…
…parte e deixa-me o Vento!
esse, apenas, para que com ele possa despertar
as sensações das searas atufadas de novas sementes,
as ramas das árvores e o cheiro das flores no jardim
perto do rio onde,
de amores cantavam as aves em saudoso e doce pio…
JAN/019
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