domingo, 2 de janeiro de 2022

Poema

 







UM MADRIGAL-AO- ANOITECER…

 

 

Ao rés da noite, o sol despede-se e o céu enche-se de estrelas

que fogem da solidão de um firmamento, a latejar.

Desperta a alma, em orquestra-flor-corpo!

 

Grinaldas de sentidos, enfeitadas de feitiços

cúmplices das madrugadas, encantam um vermelho cálice

dos instintos ,que se desfazem em madrigais de amor.

 

E nosso sono, acordado e intranquilo, embriaga-se de aromas do orvalho de Gaia

que vão surgindo em cada folha de vida, em pose-de-fervor.

 

* Ao rés da noite,

nas dunas,

mil gaivotas rumorejam

numa túnica de luz,

que o inquieto luar desfaz… *

 

O vento quebra o espelho do mar,

calmo a dormitar na cantiga das ondas de espessa e sensual escuma…

Mais ávidas de amor que de palavras de embalar

as sereias descobrem o peito-perfeito-de-ensombrar…

 

Nas cascatas, há risos de água, sonantes,

que teimam em cair nas lagoas do céu dos deuses,

entorpecidos pelo vinho de ambrósia amadurecida.

 

Quebra-se, então, a intimidade dos grãos -de-areia

onde os búzios amam,

afastados dos rumores das línguas de mar-maré-cheia…

 

*Ao rés da noite,

acordamos a suar sentidos embriagados

a disparar emoções…

- e o perfume cheira a ciúme________________________

-e os olhos são flores de lume_______________________

-e há magma de um vulcão a escorrer perdição!*

 

 

©Maria Elisa Ribeiro -Portugal

Todos os direitos reservados

ABR/2015

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