quarta-feira, 7 de abril de 2021

Minha Poesia

 





INDEFINIDOS ( II )

Um transpirar de sedentas flores…

Um deslizar de águas em terras áridas…

Um rastejar de espumas serpenteantes num bramir de ondas imponentes…

Um manto de estrelas a cobrir-me a pele…

Uma seiva esvai-se, límpida e borbulhante, pelos flancos da montanha…

Uma guitarra-violino canta a minha guerra-de-ser…

Um voo pelas tuas veias

que florescem como flores enamoradas

nas asas em-que-te-prendo…

Um dormir lânguido, a teu lado, repousada…

Um respirar calmo do teu sangue…

Um prender os teus dedos, num enlace…

Um beijar teu rosto embrulhado no pó das fadas

que amaram , nas rochas…

(Um intervalo, um recordar…)

Um semear o trigo à hora certa em que Florbela

canta, encantando marés de oiro, no Alentejo …

Um lavrador de Torga que cava regos telúricos,

com a devoção do momento de uma mística comunhão …

(Um intervalo um saborear…)

Um escrever um poema a recordar uma-verdade-minha

perdida ,no inigualável branco-luar…

(Poeta- sem- intervalo -na-hora- de-intervalar…)

E um corpo-mulher-sabe-a-ti

na aurora das manhãs…

dentro da hora do adormecer-a-escurecer ,

quando a fruta-flor morre,

numa infância

que acabou de desaparecer…

Maria Elisa Ribeiro

(Publicado já em Livro)

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