terça-feira, 28 de abril de 2015

Entrvista concedida, há dois anos, ao "Jornal da Mealhada".


Entrevista a Maria Elisa Ribeiro, pedagoga, poetisa... mulher

08 Mar 2012, 10:40






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"A mulher e o homem completam-se… se o homem não quiser controlar…"

«Acabaram-se os tempos de dizer: “No meu tempo…” Isso acabou! Que se mentalizem os pais e encarregados de Educação que esses tempos de paternalismo acabaram… Hoje, somos forçados a estar junto dos filhos e netos com uma postura que lhes incuta confiança, para que continuem a respeitar-nos, como pessoas do seu tempo.»



Assinala-se a 8 de março, mais um Dia Internacional da Mulher. O Jornal da Mealhada assinala a data com a entrevista (o testemunho?) de uma Mulher no verdadeiro sentido - humanista e literal - do termo. Entrevistámos a mulher, a mãe, a avó, a pedagoga, a cronista, a poetisa, a militante Maria Elisa Ribeiro.

Bairradina, colaboradora do Jornal da Mealhada e mulher activa da nossa comunidade, Maria Elisa Ribeiro falou-nos de passado e de futuro, de Política e de Pensamento, de Arte e de Obra, de Sabedoria e Beleza, com a sensibilidade de alguém que, nas suas próprias palavras, busca a perfeição, a fraternidade, a justiça, a igualdade e a liberdade



Jornal da Mealhada (JM) - Por que causas podem/devem, ou poderiam/deveriam, lutar as mulheres, neste ínicio do século XXI?

Maria Elisa Ribeiro (MER) - A Mulher, como a entendo, não tem o direito de parar de “lutar”! Tal como as nossas antecessoras dignas de serem chamadas “MULHERES”, a luta são sistemática e contínua, em todas as frentes sociais, políticas, humanas, em suma. Continuam por ser cumpridas atitudes relacionadas com a realização feminina, em todos os campos de passível intervenção, onde “os olhos” da MULHER vêem as coisas de modo diferente, mais justo e humano. Devemos continuar a luta pelo reconhecimento de que, como parte pensante e actuante desta Humanidade em que nos integramos, por direito, a mulher é parte indispensável do pensamento, da vida dos seres humanos a quem dá vida, nas horas do parto, é continuidade da espécie humana, motor de amor, em todas as vertentes. Afirmação inequívoca do nosso valor, tão distante e tão próximo da educação judaico-árabe-cristã, essa é, ainda ,a maior luta da Mulher! Depois …daí advirão outras importantes conquistas, sem as quais o mundo não será – NUNCA! - perfeito, fraterno, justo, igualitário, livre…

JM - Ainda há "sufragistas", dispostas a lutar da forma como lutaram as sufragistas do inicio do século XX?

MER - Sim, penso que sim! Não daquelas que despiam o soutien e o penduravam no ar do vento que, a certa altura, varreu o nosso país. E, por conseguinte, já não lhes chamo “sufragistas”… Essas, ligadas aos séculos XVIII e XIX, na história da América, principalmente, foram as verdadeiras “amazonas” do direito da Mulher ao voto. Mas, veja-se o que se passa com as mulheres “acorrentadas” às ideias e vontades dos HOMENS-TIPO-MACHOS de países como as “ARÁBIAS”, o IÉMEN, o IRÃO, o AFEGANISTÃO, o IRAQUE, a ARÁBIA SAUDITA, os outros do mesmo teor educacional, onde, para ir a um BANCO, as mulheres entram por um lado e os machos poderosos por outra… os países onde não podem conduzir um carro, onde não podem consultar um médico…onde não podem aprender a ler, escrever e educarem-se, de acordo com normas humanas… Então, essas mulheres, minhas irmãs de sexo e dor, NÃO SÃO SUFRAGISTAS? quando sabemos que, milhares delas “sonham”…”sonham ,apenas”, as liberdades que as mulheres ocidentais já conquistaram?

JM - Maria Elisa Ribeiro é uma bairradina - apesar de haver quem, no nosso concelho, pense é de outra nacionalidade. De que forma é que o local onde nasceu condicionou a mulher que hoje é?

MER - Sou “bairradina” de gema, de coração e vida. Muitos pensaram que fosse italiana (assim me chamavam os meus alunos, até os esclarecer…). Fui para Itália, embalada por um sonho que tinha a ver com o futuro dos meus filhos… Não deu certo… Ao voltar, fui colocada, como Professora do Quadro, na Escola Secundária da MEALHADA. Apaixonei-me por esta, então, vila, de tal modo que nunca mais daqui saí; aqui comprei casa, aqui me envolvi com as gentes, com os problemas, com a vida local, a nível pessoal, humano e político. Nasci na CURIA. Não tive uma infância feliz. Por isso, desde pequenina muito consciente de que poderia haver “UM FUTURO A CHAMAR PELO MEU CONTRIBUTO”, para além dos sofrimentos a que era sujeita, na AUSÊNCIA DOS MEUS PAIS, EMIGRADOS em São Tomé e Príncipe, fiz os possíveis por me afastar de memórias tristes, estudar, estudar e estudar para lutar contra a predestinação local e ser ALGUÉM.

Na realidade, o local onde nasci condicionou a mulher que hoje sou…porque de lá saí!

JM - Como pedagoga - mais do que professora do ensino primário ou do ensino secundário - marcou uma geração de estudantes, pela forma austera, séria, mas também honesta e dedicada com que dava a Educação e a Instrução necessária. Tem consciência da marca que deixou aos seus alunos? Deixou discípulos?

MER - Tenho plena consciência de que marquei gerações de alunos, que tive a subida honra de acompanhar! Fi-los compreender a importância da Educação e da, consequente, Instrução – ou vice-versa!... Exigi deles o que exigia a mim própria! Nunca ultrapassei esse limite e, ainda hoje, quando me dirigem a palavra sinto como os marquei, no sentido positivo. É claro que tenho a consciência de que ninguém agrada a “gregos e troianos”! Ninguém é perfeito! Mas uma coisa é verdade: nunca revalidei para segundo lugar, um único aluno! Além de alunos, foram todos “meus filhos” pois, nos seus problemas, eu via e vivia os problemas dos meus próprios filhos. Tive a possibilidade de ser portadora de tremendos segredos… coisas tão graves que tentei ajudar a resolver, sem que ninguém se apercebesse disso, pois, tal como hoje, acreditem que a escola pode ser um ringue de boxe!

Se deixei discípulos? Sem dúvida! Muitos dos meus alunos são hoje meus colegas e personalidades importantes, nos contextos diversos da vida do país.

E sinto-os como “discípulos, quando me falam…quando olham nos meus olhos daquela maneira especial, onde eu via o mundo a brilhar…sinto nas suas, as minhas palavras de então… e como os recordo! Que saudades tenho dos alunos que já não voltarei a ter…

JM - Reformou-se, de certa forma, incomodada pelo rumo que estava a levar a gestão da escola pública. É verdade? De que forma se fazia sentir isso na sua acção?

MER - Tinha já 37 anos e tal de serviço quando senti que as ministras de Sócrates, andavam “ao DEUS-dará”, no que concernia à dignidade dos Professores e às expectativas dos alunos. Aposentei-me, plenamente consciente da atitude tomada. Podia continuar… mas nada valia a minha dignidade, a honra de trabalhar sem ter que andar escada acima e escada abaixo, a perder tempo que era precioso para a minha valorização e, consequentemente, para a dos alunos. Estão melhor as ministras… bons “tachos”, super ordenados… mas não têm a paz que me repousa no espírito! Não terão nunca, porque não foram fiéis a si próprias… não fizeram de sua vontade… fizeram a vontade de outros que, afinal, parece que não têm nenhuma Licenciatura! Devo dizer da dignidade de todos os meus colegas ao cumprirem ordens superiores… da dignidade dos seus trabalhos, em favor de uma Escola válida… Pelo que me dizem, hoje, acho que não o conseguiram… por falta de apoio!

JM - É mãe e avó de raparigas. Ser mulher hoje é diferente de quando tinha a idade das suas netas?

Repare que tenho duas netas, de 14 e 17 anos, bem como um neto de 13.

O mundo modificou-se, de tal modo, que é impossível elas, as netas, “sonharem” o que foi a vida da avó… Quando as sento ao pé de mim e conversamos, elas sentem estar a falar com uma pessoa da idade delas… esquecem que sou a avó, porque não deixo que haja uma brecha entre nós… só assim, se pode falar com os jovens! Acabaram-se os tempos de dizer: “No meu tempo…” Isso acabou! Que se mentalizem os pais e encarregados de Educação que esses tempos de paternalismo acabaram… Hoje, somos forçados a estar junto dos filhos e netos com uma postura que lhes incuta confiança, para que continuem a respeitar-nos, como pessoas do seu tempo. O respeito e os valores da sociedade, contudo, partem de casa, do seio da família…Que ninguém se esqueça disso! Ser mulher, hoje, é portanto ser igual a elas (mesmo que mais velha!) porque respeito a época em que vivem e estou a par dos seus problemas…nem imaginam como!

JM - Entre 2001 e 2005 foi eleita deputada na Assembleia Municipal da Mealhada, nas listas do MOI, um movimento independente e de cidadania. Gostou da experiência?

MER - Riquíssima! Adorei estar no meio político, empenhada numa causa justa e de ver tudo quanto se pode fazer “quando a alma não é pequena”. Acima de tudo, tomei contacto com realidades do nosso concelho, boas e más, tomei consciência do que certas pessoas são capazes de fazer pelo poder, conheci todas as nossas aldeias e fiz amizade com gente que não mais me esqueceu. Cansou-me, psicologicamente, o estar na Assembleia Municipal, por me ter apercebido de que as pessoas, muitas delas! têm mais caras do que o feijão frade. Cumpri, sempre que pude, a minha obrigação de estar presente, em respeito a quem, em menos de dois meses, pôs na mó de cima, um Movimento de cidadania, que foi falado em todo o país, também pelos factos rocambolescos que provocou nos adversários mais directos… Fiquei a saber, então, quem eram certos vultos concelhios e nacionais, do chamado Partido Socialista… Experiência enriquecedora!

JM - O mundo seria diferente se houvesse mais mulheres nos cargos de poder?

MER - Sem dúvida! E isto sem querer que me chamem convencida ou feminista! Feminina, sim! Feminista como o que já passou pela nossa sociedade? não!

As mulheres têm outra sensibilidade para certos problemas das sociedades. O Homem é mais racional e a falta de sensibilidade cega-os, por vezes; não pretendo dizer -Deus me livre -! que as mulheres são superiores… não são! A mulher e o homem completam-se… se o homem não quiser controlar… Mas a parte feminina do cosmos “Vê” certos problemas com uns olhos diferentes… menos racionais… Ou seja: a mulher é um válido contributo para o equilíbrio do mundo!

JM - Nas primeiras eleições democráticas para o poder local, em 1976, o Municipio da Mealhada tinha uma presidente da Câmara e uma presidente de Junta de Freguesia. Depois delas, a Câmara esteve vinte anos sem um vereador do sexo feminino e nunca mais teve presidentes de junta mulheres. Hoje temos, apenas, três vereadoras - graças às quotas - e quatro deputadas municipais em 31 lugares. O que é que se passou?

MER - Estamos a falar do Concelho da Mealhada, um Concelho do interior, onde a vida, em termos políticos, é vivida no masculino. As mulheres, infelizmente, ainda não têm a justiça do descanso! Chegam do trabalho, extenuadas e com as tarefas domésticas para cumprirem, não só as do dia, mas também a preparação das do dia seguinte. É compreensível que se afastem da política… Os governos, por outro lado, dominados por homens, não criam condições para que as mulheres tenham outra visão dos problemas do país. A sociedade é, e será por muito tempo ainda, machista… Aos homens não interessa que as mulheres participem activamente nas tarefas da condução de um país. Recorde, Dr., as recentes afirmações do Cardeal Monteiro de Castro, ao PÚBLICO ONLINE DE 17/02/012…”…a função essencial da mulher é a “ educação dos filhos…” ESSENCIAL, repare… Mas esse discurso, vou guardá-lo para outra ocasião, se me permite, pois diz muito daquilo de que lhe falava no princípio desta entrevista, sobre a educação-judaico-árabe-cristã…

A falta de mais mulheres na política não se resolve com essa história das “quotas”… As senhoras não são peças de venda nos negócios!

JM - Éramos mais progressistas em 1976 do que somos hoje?

MER - Éramos, enganadoramente, progressistas! Éramos um povo saído de um período obscurantista que tinha, em muitos casos, a ideia de que ser progressista era ser mal educado com senhoras, jovens e velhos… Hoje, que somos “progressistas”, o país voltou para a Idade Média do obscurantismo, novamente. Não há dinheiro,”saquearam-no” de tal modo que não nos podemos dar ao luxo de ser “P’ra frente”, não há humanismo, justiça é para quem a paga e o povo não pode… saúde é para quem tem dinheiro e benesses sócio-políticas… o povo morre “como tordos”… PROGRESSISTAS? VALHA-ME DEUS… Progressistas, hoje, são os meninos barbudos do CDS que dizem aos portugueses que, se não estão bem, que emigrem!

Tenho fé, no entanto, que voltemos a ser aquele povo desejoso de Justiça, que aderiu à Revolução dos cravos, agora tão murchos que dá pena…

JM - Apesar de ter dedicado a sua vida ao ensino e ao estudo da Língua portuguesa, a descoberta da Poetisa Maria Elisa Ribeiro foi tardia. A que se deveu isso?

MER - Bem…a POESIA foi sempre uma realidade da vida da PROFESSORA… Todos os meus livros estão cheios de versos que surgiam, à margem, como rasuras… Sempre usei as SENSAÇÕES para dar aulas… consegui pôr alunas a escrever poesia, alunas que detestavam os textos poéticos! Não tive, foi Tempo, ao longo de todos estes anos de docência, de me dedicar por inteiro à obra poética… Havia aulas para preparar, centenas de testes para corrigir, leituras de pesquisas a fazer, trabalhos para ver… O trabalho foi para mim, tão absorvente, que nunca me pude sentar à secretária, em casa, com a disposição de escrever o que sentia. O meu dever para com os meus alunos estava em primeiro lugar, pois o Futuro deles dependia, em grande parte, do que eu fosse como Professora de Português e Literaturas. Com a aposentação, dei conta , certo dia, de que estava a escrever Poesia… e foi uma revelação ver surgir, nesse dia, um conjunto de 17 poemas, diferentes em forma e temática, que me deixou… impressionada comigo! Aí, pensei. ”Ora cá está o gosto tremendo e espectacular por todos os poetas que estudei e ensinei!” A partir daí, não mais parei e tenho, neste momento, várias centenas de poemas para passar, no PC! Hoje, corro os livros à procura dos versos que escrevi, rasurados, nas margens das notas dos mais usados… É como aquela sensação de encontrar uma nota de 10 Euros num sítio, de repente, sem contar…

JM - Alguns dos seus poemas são profundamente eróticos. Concorda com a afirmação de que a sua poesia é extraordinariamente feminina? Há uma poesia feminina?

MER - Engraçado que ainda ontem estive a ler um texto de DERRIDA e de JÚLIA KRISTEVÁ sobre esta pergunta que acaba de me fazer! É claro que há uma poesia feminina! Como já lhe disse, noutro contexto, as mulheres têm outra sensibilidade. Sinto que sim, que a minha poesia é extremamente feminina! Escrevo SENSAÇÕES, SENTIDOS…porque o ser humano é matéria e é espírito. Não sou, de modo nenhum, uma poetisa erótica…falo dos meus sentidos e exponho-os em cada poesia como se de uma tela impressionista se tratasse…Talvez, sensual, com elegância de termos que sugerem mais do que dizem…Mais do estilo FLORBELA ESPANCA que NATÁLIA CORREIA…Um pouco FIAMA HASSE …mas mais Mª ELISA RIBEIRO! O AMOR move a nossa vida…não vivemos sem ele…demonstro que não é possível ser feliz sem a integralidade do HOMEM-SER-COSMOS! Se demonstro carência afectiva? Com toda a certeza! Não tive pais que me educassem e dessem amor…não fui feliz no casamento do qual, apesar de tudo, trouxe dois seres maravilhosos, que são os meus filhos… Isso é tudo? Não…então vivo sonhos na poesia! Mas não pense que não trato outros temas… Lá está a SAUDADE, o MAR, a Morte de Cristo, o amor a NOSSA SENHORA, a Infância…o monte, as flores, as aves…faço da Poesia o depositário fiel das minhas ânsias, dos meus desejos, dos meus sonhos. Não pretendo fingir…é impossível não ser como sou, porque eu sou a minha poesia e a minha poesia é O QUE SOU…

JM - Para quando um livro de poemas de Maria Elisa Ribeiro?

MER - Não sei…não vendo “a alma” por 5%, que algumas editoras oferecem…Estou a ser avaliada por várias Editoras…Vejamos…A vontade é grande…Vejamos se o sonho se cumpre. Entretanto, nesse aspecto, ele é “a bola colorida/ entre as mãos duma criança.”

JM - A sua prosa e a sua poesia têm uma grande aceitação na internet, nomeadamente nos seu blogue (http://lusibero.blogspot.com) e na edição online do Jornal da Mealhada. A que se deve isso?

MER - Penso que os amigos, quer do blog quer do FACEBOOK, pelo que afirmam nos comentários, se identificam com o modo como escrevo…com esta naturalidade da expressão de sentimentos… vêem a ALMA da mulher-poetisa que se desnuda, espiritualmente…vêem a genuinidade e não a falsidade…e como o Dr. Nuno já pôde ver acham genuína e diferente a poesia que faço…É impossível meter versos sobre versos, sem sentir o que eles dizem…O POETA é o dono da sua própria Mensagem…A Mensagem é a verdade-do-mundo-em-que-sou…

JM - Já escreveu vários textos no Jornal da Mealhada sobre "As Mulheres na História". Quem é a mulher que mais a marcou na sua vida?

MER - Uma pergunta, particularmente difícil. Não sou capaz, no contexto histórico, de encontrar uma mulher que me marcasse, porque seria impossível…Seria uma mulher perfeita e perfeito não há ninguém…Há muitas que admiro , mas não há uma que destaque…Todas as mulheres dedicadas a causas nobres do engrandecimento do mundo, me põem em suspenso, a respiração.

JM - É a mulher que gostaria de ter sido?

MER - Não… e sim… É difícil responder, de modo linear, a essa questão… Fui muitas coisas que queria ser… Não fui outras… A vida continua e eu continuo aquela especial procura do que ainda não pude encontrar…

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