------------------------------------DERIVAS-------------------------------------------
Reclusa dos
fortes sopros do vento, sinto que a Lua se libertou,
deixando
florescer raios brilhantes sobre o corpo dos poemas
deitados em
begónias,
à deriva dos sonhos das glicínias.
O mar
rumorejava por detrás da montanha , tendo-se revelado
Um espaço
amplo e liso quase em fúria, quase liso,
sem cor nem forma,
no silêncio
de frias águas que se rebolavam na luz prateada
do imenso
luar que, à DERIVA,
lhes
mostrava ,em parte, o que é a VIDA.
*À DERIVA, vagueei
pelas margens adormecidas do rio, em calmos passos
Do
pensamento ,
abraçados ao
silêncio das acácias rosas e amarelas.
O coração da
noite estava aberto num paraíso de aroma azul
de flores do
encantamento.
*Nossas mãos
enlaçadas na magia de um suave rumorejar
Caminharam
para onde ninguém mais PODIA-SER,
pois era
nosso FUTURO a PASSAR.
Tanto nos
atrasámos que,ao chegar,
o tempo
tinha passado para ALÉM-do-LUAR e
o dia-noite estava a acabar.
Desenlaçadas,
por fim, vaguearam perdidas pelos caminhos do desespero,
Amargas e
desnorteadas...à DERIVA de nós.
Malas feitas,
partimos pela VIDA fora; mas sem dar por isso, anoitecemos no corpo
que se perdia
numa atormentada DERIVA da HORA.
*Inominadas
paisagens de nós se desvaneceram na
sombra daquele
AGORA-OUTRORA
em que desabrochámos,
para nos perdermos por aí fora.
Ainda vimos
os pássaros irem pelos horizontes
cobertos de cores dourado-lamejantes...
...os
nenúfares a repousarem, calmamente,
na palma da mão das águas paradas...
...as
acácias sem coragem para morrer, sentem
que as palavras
são sopros
transfigurados,
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à DERIVA da lucidez das Verdades.*
©Maria Elisa Ribeiro
FEV/2017
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