quarta-feira, 11 de setembro de 2024

POEMA






 

------------------------------------DERIVAS-------------------------------------------

 

Reclusa dos fortes sopros do vento, sinto que a Lua se libertou,

deixando florescer raios brilhantes sobre o corpo dos poemas

deitados em begónias,

 à deriva dos sonhos das glicínias.

 

O mar rumorejava por detrás da montanha , tendo-se revelado

Um espaço amplo e liso quase em fúria, quase liso,

 sem cor nem forma,

no silêncio de frias águas que se rebolavam na luz prateada

do imenso luar que, à DERIVA,

lhes mostrava ,em parte, o que é a VIDA.

 

*À DERIVA, vagueei pelas margens adormecidas do rio, em calmos passos

Do pensamento ,

abraçados ao silêncio das acácias rosas e amarelas.

O coração da noite estava aberto num paraíso de aroma azul

de flores do encantamento.

 

*Nossas mãos  enlaçadas na magia de um suave rumorejar

Caminharam para onde ninguém mais PODIA-SER,

pois era nosso FUTURO a PASSAR.

 

Tanto nos atrasámos que,ao chegar,

o tempo tinha passado para ALÉM-do-LUAR e

 o dia-noite estava a acabar.

 

Desenlaçadas, por fim, vaguearam perdidas pelos caminhos do desespero,

Amargas e desnorteadas...à DERIVA de nós.

 

Malas feitas, partimos pela VIDA fora; mas sem dar por isso, anoitecemos no corpo

que se perdia

 numa atormentada DERIVA da HORA.

 

*Inominadas paisagens  de nós se desvaneceram na sombra daquele

AGORA-OUTRORA em que desabrochámos,

 para nos perdermos por aí fora.

Ainda vimos os pássaros irem pelos horizontes

 cobertos de cores dourado-lamejantes...

...os nenúfares a repousarem, calmamente,

 na palma da mão das águas paradas...

...as acácias sem coragem para morrer,  sentem que as palavras

são sopros transfigurados,

---------------------------------------- à DERIVA da lucidez das Verdades.*

 

 

 

©Maria Elisa Ribeiro

FEV/2017

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