-Freud: Que objeção pode haver contra os animais? Eu prefiro a companhia dos animais à companhia humana.
-Viereck: Por quê?
-Freud: Porque eles são mais simples. Eles não sofrem de uma personalidade dividida, da desintegração do ego, que resulta da tentativa do homem de se adaptar aos padrões de civilização demasiado elevados para o seu mecanismo intelectual e psíquico [...] ]
-Viereck: Então, você é um grande pessimista?
-Freud: Não. Não permito que nenhuma reflexão filosófica me roube o prazer das coisas simples da vida.
Os motivos pelos quais se pode amar um animal com tanta intensidade, é porque ele possui emoções simples e diretas, de uma vida singela, liberta dos conflitos de uma sociedade que impõe restrições.
É mais fácil nutrir amor pelo simples.
Trata-se de um afeto sem ambivalência.
Os cães não possuem uma personalidade dividida, nem a maldade do homem civilizado, tampouco o sentimento de vingança dos homens.
Um cão tem a beleza de uma existência completa em si mesmo.
E apesar de todas as divergências, quanto ao desenvolvimento orgânico, o cão possui um sentimento de afinidade íntima e de solidariedade incontestável.
Grande Freud. Sábias palavras, Doutor.
Na imagem, Freud e seu cão Jofi, da raça Chow Chow.
Entrevista feita por George Sylvester Viereck em 1930, Semmering, Áustria. (Tradução de Maria Teresa Dóring) — com Jocilia de Camargo.
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