Parabéns e muitas felicidades ao nosso génio da escrita que completa hoje (01/09) 82 anos
Bom domingo!
"Quando me sinto desinfeliz vem-me sempre à cabeça o poema de Carlos Queiroz chamado “E no Seu Nome esperarão as gentes”, que é uma citação de São Mateus. Isto dura desde os treze ou catorze anos, quando li o livro de poemas “Desaparecido” que descobri na biblioteca do meu pai. E no meio da desinfelicidade aparece-me logo a primeira quadra:
O ar azul da madrugada
Virias logo se eu chamasse?
Encostarias Tua face
à minha face enregelada?
Porque é que isto sempre me comoveu e ajudou tanto? Porque volto a ser logo o menino que fui e que o poema torna mais forte no meio da grande solidão que todos temos às vezes:
Se Te contasse o meu desgosto
de quando a angústia me vem ver
ter de expulsá-la pra viver
afagarias o meu rosto?
Esta é uma pergunta minha também. O meu desejo. E aqui, sentado a esta mesa cheia de papéis, escrevo isto comovidamente. Estes versos acompanham-me sempre no ar azul da madrugada, quando tudo me parece irremediável, sem qualquer solução. O que farei de mim, o que farei comigo? E depois, felizmente, voltam a paz e a esperança. Porque carga de água tudo me toca, uma voz, um olhar, um sorriso às vezes, uma senhora de idade a afastar-se de mim a remar com a bengala porque o passeio se transformou numa espécie de mar? "
Excerto da crónica publicada na VISÃO de 06/09/2018
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