Poema do Inverno
Aproxima-se o Inverno,
com a flor cinzenta de uma neblina densa:
lambe as faias, com um castanho careca, avermelhado e
dá aos carvalhos e plátanos um invejável tom esbranquiçado,
que quebra a monotonia colorida do quente verão.
Batalhões de pinheiros secos presenciam a mudança,
(eles que permanecem imutáveis);
e todo o campo está coberto por um céu de nuvens
enquanto ao longe se ouve, mais perto, o badalar dos sinos das igrejas.
Abrem-se as muralhas do céu, com o sol a mover-se,
________assomando, lentamente,
___________ por detrás das colinas e dos montes.
De memória, toco a música de um jardim encantado;
___aproximo-me da madrugada-a-romper e ouço um canto
______a ondular- para - sempre, como os mares sem marés
________do país das fadas de onde fui forçada a sair,
no tempo combinado.
É desproporcionada a tristeza da mudança com a realidade-de-ser!
É o Inverno a chegar!
________________ É o mundo a mudar!
_____________________ Sou Eu a mudar com ele!
E o pensamento,
enevoado à medida que a memória
de todas as paisagens da vida se vão fixando
em páginas de livros e folhas de papel,
revigora-se com a força das palavras que se renovam
no seu Inverno, como vazios favos de mel.
Cheira a branco-de-neve e a salmonete das colinas, entristecidos,
quando lhes viro as costas para não
deixar perder aquela visão das ondas do mar
do jardim das fadas,
onde quereria continuar-a-ser.
Rugem os ventos…caem as folhas…gemem as árvores …embacia-se o tempo…
…saltam as águas do mar, sempre iguais-sempre diferentes...
Chegou o Inverno e esmorecem os lírios…esvaziam-se as searas
onde secam as papoulas rubras,
que ajudaram o colorido nascer do grão.
É Hora da Terra,
penosa e friamente,
descansar…
Maria Elisa Ribeiro
SET/014
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