TEMPO-RIO
O tempo é um rio que arrasta o Onde-eu-também-sou-Rio.
Nele flutuo, como folha do espaço e do tempo chegada aos ares de Inverno
com sabores de Outono, já pouco florido.
Nele sigo em direcção à contemplação que me comove...este solilóquio-comigo,
às claras no meio do abrigo confuso que é o Deserto-Longe,
com vestígios de formas e cores
em restos de palavras...vestígios de frases
odores de vírgulas...impérios de Pontuações... e miríades de areias desfeitas.
As Palavras não me abandonam, não se afastam. Permanecem em diálogo mudo
Quer com o deserto, quer com o rio.
Movo-me nelas às apalpadelas, como um coração que quer seu sangue
e como um quarto vazio à espera da luz que trazes, quando me visitas.
No Princípio do TUDO, foi o Caos, condição primordial para a vida que, depois ,apareceu.
O Universo continua a criar-se
disposto, de tempos a tempos, em altares do sagrado e do profano.
O poema torna-se coluna vertebral,
das coisas diferentes que são a mesma coisa,
verdadeiramente... Afinal...
MAIO/020
Maria Elisa Ribeiro
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