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Para a maioria, Pasolini remete a filmes memoráveis como o lírico “Gaviões e passarinhos” ou o terrível “Saló ou os 120 dias de Sodoma”. É verdade que o Pasolini cineasta veio primeiro, mas o Pasolini escritor vem sendo traduzido e publicado no Brasil desde 1968. Poeta, filólogo, romancista, cineasta, crítico literário e de cinema, entre outras atividades, foi também jornalista. Suas intervenções em jornais, que já foram chamadas “ensaísmo político de emergência”, marcaram especialmente os últimos 20 anos de sua vida, transcorrida entre polêmicas que resultaram num isolamento crescente do intelectual até sua morte em 1975 (ele completaria 100 anos em 2022). Reflexões extremamente críticas sobre as formas assumidas pela modernidade e pela modernização, tanto na Itália como fora dela, suas obras vêm assumindo um caráter mais próximo ao da filosofia política – é o que se vê na inclusão de um capítulo sobre Pasolini, no livro do filósofo italiano Roberto Esposito “O pensamento vivente”. São dele expressões como “mutação antropológica” (o aniquilamento de culturas como a do camponês e do subproletário, canceladas e substituídas pela cultura do consumo e do dinheiro), “burguesia como doença” (a redução da experiência e da vida a um único modelo) e ‘Novo Poder’ (o comando do Estado não pelas instâncias clássicas da política mas pelo poder econômico e transnacional). Todas elas modos de figurar as transformações radicais da sociedade que ocorrem desde os anos 60 do século passado.
Indico abaixo cinco livros para a literatura e o ensaísmo de Pasolini. Para outros gêneros e linguagens, vale conferir esta edição de 2017 da Revista Humanitas da Unisinos.
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