POEMA
SOPROS POÉTICOS
De um sopro,
canto o enorme recanto
onde o vento guardou
lágrimas do triste pranto
das folhas que arrebatou.
De um sopro,
o sonho escondeu-se
no sonho que alguém sonhou.
No cimo de uma falésia
ouviu-se o eco do vento
no bico de uma gaivota
a fugir do mar-tormento.
De um sopro,
veio um poema
entristecido-coitado!-
a lembrar o sopro triste
do poeta naufragado.
De um sopro,
navega, a flutuar, o canto de um trovador
das molduras da Memória, perdido nos tristes cais
do amanhecer de um povo-a-fazer-a-sua-história.
De um sopro,
uma guitarra delira acordes da velha Saudade
de uma época-todas-as épocas de adversidade
do tremendo mar a enfrentar…
E a um canto
flores de saia preta
tecem planos
num branco lenço a acenar poemas de amor
com sabor a sal de pranto…
De um sopro,
Canto.
Lamento.
Recordo o choro.
Emolduro o sofrimento.
Maria Elisa Ribeiro
MRÇ/01
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