VOAR NA POESIA
Uma mancha de tinta levanta-se do papel
e começa a flutuar nas rotas do pensamento.
A noite chegou…levemente foi entrando na sobriedade das montanhas, escuras, tamanhas…
Um leite de silêncio escorre-me pelos dedos
pronto a deitar-se no oceano dos poetas que peregrinam,
de pensamento em pensamento, até à palavra perdida…
Uma neblina mística rouba a iluminação das árvores…
Um luar sublime de antigos encontros enlaça-se ao corpo-poema…
As pedras calmas do promontório absorvem a maresia, num mar de poesia…
Os meus olhos de ar azul cor-de-tinta vêem letras e sílabas
por sobre um leito de águas,
prontas a taparem fissuras das palavras adormecidas no fogo dos sentidos…
………………………………………………….Há um odor pairando por sobre as camélias-rosa…
………………………………………………….Há vida escondida nas rosas a germinarem aromas…
………………………………………………….Há a minha doce Palavra-pronta-a-nascer…
---------------------------------------Nos corredores dum dicionário-santuário,
peregrina de uma eterna viagem, falam -me sílabas errantes,
vagabundas da arquitectura lexical,
ansiosas por se juntarem no AMOR, às rosas
das profundidades distantes…
……………………………………………Urge a escrita!
…………………………………………..Urge o poeta na escrita!
…………………………………………..Urge a escrita do poema que reúna as árvores
…………………………………………..do sintagma, fora da cidade negra dos lamentos do Homem!
Não alieno meus versos, apesar da sanha das borboletas
a voarem por sobre lagos de cristal, de fundo azul.
Neles, renasço-nascendo
para chegar a Ser-o-Sonho que anda perdido…
…perdido por se encontrar nas idades que vou tendo,
neste voar pelo reverso do meu verso,
magia do que-vou-sendo…
Maria Elisa Ribeiro- Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário