HABITAS-ME
Preciso de me despir
do silêncio que dorme na curva
Dos teus olhos
fechados,
Cobertos pela manta
que te esconde o corpo e inibe
O desejo das noites
sombrias, sem ti.
És na noite uma
Presença-ausente, quando recordo a nudez
Que se esgotava na
harmonia desejosa
Do tempo-a-dois em que
fomos sendo
Sempre doentes
de-fome-e-sede-de-nós.
Habitas-me, contudo…
E o refúgio do meu
desejo é a memória do teu beijo
Que, afinal, não
deste, na hora em que esqueceste TUDO.
Na boca tenho pedaços
de aromas de pétalas floridas
Que morreram nos
tempos das palavras ousadas
Que me confundiram
como se fossem ventos desnorteados.
Há saudade e nostalgia
no poema inacabado-de-nós
Feito flor pelos
ventos levado…
Quero despir o
silêncio do sacrário onde entraste-a-fugir
Deixando-me num transe
solitário…
Tudo, então, poderá
renascer
Dentro de toda a
mística energia
Que eu sei correr
dentro de mim!
Maria Elisa Ribeiro
AGT/018
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