segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

POEMA

 O FRIO DAS FLORES

Quem se importa com o frio das flores
quando, manhã cedo, ao acordarem, se queixam
vergadas ao peso do orvalho a da geada?
É que o frio não é só dele!
Pertence a todos…
…à cidade desagasalhada que dorme entre cartões …
…aos seres que dormem sob as pontes descarnadas
ou nas entradas dos prédios enregelados…
…e ainda nos frios bancos dos jardins desamparados.
O frio das flores não nos vem, sequer, à cabeça!
Mas temos o dever de pensar nisso para gritarmos
contra os desmandos e desigualdades sociais de quem caminha
às cegas, pelas ruas e alamedas, sem que um fio de luz
lhe cresça na infância e lhe ilumine os passos-para-a-frente
do brilhar das estrelas e do raiar da lua.
Olhos opacos não vêem sob a luz mortiça da dor
das vidas desamparadas
as infâncias-já-crescidas,
nas almas friamente adormentadas…
…esquecidas…
flores sem cor,
flores sem abrigo,
flores sem paz
repousam nos olhos marejados e inquietos de fome
de guerra e de carnificina atroz…
Oh, Iémen…oh, Iraque…oh, Irão…
Oh, Mundo da ferocidade animalesca! da falta de Sol e de Luz, para agasalhar infâncias…
Maria Elisa Ribeiro
Fev/019
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Susana Duarte, Licéria Lobo e 17 outras pessoas
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