quinta-feira, 22 de agosto de 2024

POEMA

 POEMA

INSÓNIA
Novamente apago a lâmpada meio adormecida,
à qual tenho procurado agarrar os fios do sono.
No escuro,
tacteio a noite,
cansada, a ver se lhe
apanho os fios de cabelo
do sono reparador.
As palavras, ainda ávidas de meus dedos, não descansam.
Chamo-as pelo nome, acalmo-as na débil luz que brilha
pela janela
e chamo-as pelo nome,
para que não
me abandonem, quando fizer meu poema.
Sinto-lhes o corpo esguio sussurrando no escuro,
como folhas lanceoladas prontas a ferir-me os dedos
aos quais dou vida
quando escrevo.
Sinto-me amarga, enquanto me não respondem…
Mas é escuro…não tarda estamos a dormir…
Depois de o sol acordar,
repousados, menos tensos,
iremos pelo campo dar o bom-dia ao mundo e
ver a vida a reaparecer…
e sei que elas virão,
todas a monte
para eu as usar!
Maria Elisa Ribeiro
AGT/017
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