quinta-feira, 15 de agosto de 2024

POEMA

 POEMA

TIVESSE EU…
Tivesse eu o dom do sossego-no-murmúrio,
e não precisaria de cantar para manter aceso o lar,
ao pousá-lo,
como um fogo errante, na colina do vale-que-sou.
Teria a cada passo uma palavra própria,
para descrever o bálsamo do som, o odor da noite silenciosa,
o riso fugidio das estrelas ,
o adormecer dos pássaros na rede dos ninhos…
Tivesse eu o dom da linguagem da floresta…
Escreveria frases completas, muito demoradas,
para dar tempo à humanidade
de aperfeiçoar o Mundo onde se instalou,
desde o seu original murmúrio-trovão
até todos os ruidosos milenares momentos.
Tivesse eu
o cansaço das andorinhas recém chegadas…
Nada me preocuparia
senão alcançar o brilho do teu olhar
e repousar no teu íntimo lar.
A luz passa, livre, pelas sombras onde assenta o brilho do orvalho,
tanto nas plantas como nas pedras de enfeitar.
Removo os obstáculos,
que querem impedir o poema de nascer
e de se espalhar até aos ouvidos-do- mundo a alegrar.
Difíceis são as viagens através dos charcos, das silvas e das pesadas pedras sem alma.
Dentro de mim,
uma claridade ligeira permite-me ouvir a doce música das cerejeiras em flor.
Tivesse eu a capacidade de cantar num tom recheado de doces aromas…
desses que sinto subirem a prumo para o céu que se afasta…
e seria mais fácil enviar minha mensagem ao vento longínquo,
que ainda hoje abana palmeiras NO-TAL-ORIENTE.
©AGT/019
Maria Elisa Ribeiro
Pode ser uma imagem de lusco fusco e a natureza
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