quarta-feira, 7 de agosto de 2024

POEMA:









 BAILARINA-NA-VIDA

Meu tempo são as palavras com que fui-vivendo
os tempos-doutro-tempo, dançando em bicos-de-pés
no sopro musical do vento.
Nelas, perdura a infância…sonhos, angústias e alegrias
desse bailado dos tempos…
Outrora, passavam lentos, e eu podia ver primaveras a florir
e outonos a brincar “ao despir-das-árvores”…
Dava, até, para subir as encostas das montanhas
e apanhar loiros pinhões, ao lado de gordas castanhas.
(O tempo dava para tudo.)
Com ele, apanhava amoras escondidas nos silvados, e via ninhos tecidos
de doce baba bordados.
_________________Tudo cabia nas palavras, que a boca soprava aos dedos,
_________________que deslizavam pelo branco de uma folha irreal
_________________tal bailarina a rodopiar em frágil palco de papel.
Meus dedos colhiam flores, feno, trigo e papoulas rubras
no meio de extensas searas ondulantes,
e eu aglomerava essas riquezas em sílabas
que se tornavam versos,
a bailarem em instantes da escrita...
________________e as palavras tornam-se o ballet que danço
_______________ em linhas do meu palco-escrivaninha,
_______________ sem outras máscaras, que não as da música dos lexemas
_______________a formarem verdades minhas.
Maria Elisa Ribeiro/2014

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