AO CAIR DA NOITE
Os ventos falam e ouço-os dizer que as marés não dormirão
Sossegadas, esta noite.
Estou assustada com o som dos urros da tempestade...
Na varanda já tudo está por terra: vasos de plantas que tanto amo,
Alinhadas como as cadeiras onde nos sentamos a ver a colina,
Virada para o mar e encolhida com o frio e o rumor que se faz sentir.
As próprias gaivotas voam cheias de medo e procuram terra,
para juntar-se
À companhia que não lhes conseguimos fazer.
Tenho a lareira acesa, há tanto tempo, a crepitar...
Na mesa há pão quente ,figos e passas secos, da última colheita,
Tudo sobre uma toalha clara, pronta para nos receber.
A luz ora acende, ora apaga. O céu não tem estrelas ,
pois estão cobertas pelas nuvens da tempestade; até elas
recolheram ao seu sacrário no firmamento, com receio
dos tão temíveis golpes de vento.
A lua mal se vê e além do medo do tempo, tenho medo
Que tu não venhas esta noite, meu DEUS!
Não sei, sequer, se as sereias se levantam no cimo das ondas
para verem se são só elas a esconderem-se, com medo do mar.
Recolhem-se os pescadores junto do peixe,o pão dos seus lares,
nas grutas das falésias e dos promontórios.
O meu corpo gela, assim, sem a ternura quente dos teus dedos
E dos teus carinhos...
Volta, amor, que mesmo com este tempo, o CÉU É NOSSO!!
©Maria Elisa Ribeiro/2018/ Portugal.
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