SABERÁ A NATUREZA...?
saberá o mar
que,
quando o meu
olhar
lhe entrar
no ritmo balanceado,
serei um
amontoado de células
a suavizar meu ardor?
saberá o rio
que as suas águas
a deslizarem
para a foz,
levarão
consigo o eco da minha voz
por entre abismos e fráguas?
saberão as
ervas e as flores,
que quando
te aproximares
do meu
repouso solitário,
se
estabelecerão regras-sem-regras
que nos
atirarão
para o calvário
das nossas
amargas dores?
saberão os
pintores identificar as cores com que,
de mãos
dadas,
lhes vamos pousar
junto ao
odor das rosas perfumadas?
naturezas
vivas, eu e tu não queremos ficar parados
junto das
naturezas mortas
ou dos
quadros encerrados ao longo de corredores,
que o tempo
vai empoeirando para lhes roubar as cores?
saberá o
mundo que vivemos nos astros
que nos dão
luzes e cores e são confidentes
dos nossos
amores?
Oh!...”Aquela
triste e doce madrugada” que viu
a dor com
que nos separámos
até que a Lua
nos iluminou
o caminho para nos reencontrarmos!
saberão o
mar, o rio, as ervas e as flores
que a nossa POESIA é o olhar com que nos fitamos?
a boca com
que nos beijamos?
o calor com
que nos abraçamos e o Amor com que nos damos?
Maria Elisa
Ribeiro
©MRÇ/ 2022
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