terça-feira, 16 de julho de 2024

POEMA

 







SABERÁ  A NATUREZA...?

 

 

saberá o mar que,

quando o meu olhar

lhe entrar no ritmo balanceado,

serei um amontoado de células

 a suavizar meu ardor?

 

saberá o rio que as suas águas

a deslizarem para a foz,

levarão consigo o eco da minha voz

por entre abismos  e fráguas?

 

saberão as ervas e as flores,

que quando te aproximares

do meu repouso solitário,

se estabelecerão regras-sem-regras

que nos atirarão

 para o calvário

das nossas amargas dores?

 

saberão os pintores identificar as cores com que,

de mãos dadas,

 lhes vamos pousar

junto ao odor das rosas perfumadas?

 

naturezas vivas, eu e tu não queremos ficar parados

junto das naturezas mortas

ou dos quadros encerrados ao longo de corredores,

que o tempo vai empoeirando para lhes roubar as cores?

 

saberá o mundo que vivemos nos astros

que nos dão luzes e cores e são confidentes

dos nossos amores?

 

Oh!...”Aquela triste e doce madrugada” que viu

a dor com que nos separámos

 até que a Lua

nos iluminou o caminho para nos reencontrarmos!

 

saberão o mar, o rio, as ervas e as flores

que  a nossa POESIA é o olhar com que nos fitamos?

a boca com que nos beijamos?

o calor com que nos abraçamos e o Amor com que nos damos?

 

 

Maria Elisa Ribeiro

©MRÇ/ 2022

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