quarta-feira, 31 de julho de 2024

POEMA: MÃOS





 MÃOS

Com elas vivo…amo e peco…
Com elas sonho…
Com elas, vejo o Tempo passar
acariciando uma flor
a abrir
e o rosto de uma criança
a sorrir!
Demiurgo-génese-humana:
cheiram aos aromas sagrados da floresta!…
Com elas, toco o orvalho que desliza
na bruma da Madrugada, pelas areias do deserto
encoberto pela miragem , pelo Sonho…
São pequenas, estas mãos, onde cabe
uma caneta
que vem do Pensamento …
Mas não dão flores rubras…nem odores
de flor-de-laranjeira
nas glórias de uma vida passageira!
Nelas ponho Emoções … Sensações de deslumbramento
da vida natural, no seu mais sensual…
Por elas, escorre meu sangue!
Por elas me sinto exangue,
no rumor do barco naufragado
na areia encalhado,
vomitando tristes histórias
de encarquilhadas memórias…
Das minhas mãos saem, pela tinta deslizante,
todas as METÁFORAS da vida, inebriante!
E meu corpo é como o rio,
onde se perdem as águas…
Minhas mãos são a torrente
que invade margens macias,
de erva vadia que revive, ao nascer o dia…
Bebo a madrugada, pelas mãos, em concha…
Apanho a Natureza campal, que ponho à minha mesa
com este dom divinal de transformar meus sentidos
em mãos de orgulho-vivo,
que saltam de mim para ti---de ti para mim…
Que valor têm estas Mãos, para ti?
Não sabes responder,
porque sou EU-A-VIVER!
Com as mãos, peco…
Percorro teu corpo…cada centímetro quadrado…
…deslizo pelo teu, (que é o meu), Pecado…
E vivemos… a morrer…
Dedos entrelaçados, esquecidos de amanhecer,
revivem a história dos manuais do prazer!
E não há regras para as entregas do nosso alvorecer…
…que já foi entardecer de morrer…no rebentar do sentido da vida!
Tuas Mãos!
Quando as não sinto, minto-me,
no vendaval de sentidos
que se alojam no berço inicial…que me drogam…me anestesiam…
…me levam à explosão da VERDADE!
Sabes, amor? Depois, hipócrita…rezo! -eu que não sei rezar…
…senão no momento de te AMAR…
Maria Elisa Ribeiro-Portugal

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