Rita Levi-Montalcini: A dama da ciência italiana (1909 - 2012)
A neurologista Rita Levi-Montalcini foi responsável por uma grande contribuição para a Medicina e Fisiologia. Tamanha foi essa contribuição, que a mesma recebeu, junto a Stanley Cohen, o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina em 1986 [1,2].
A cientista nasceu no mês de abril de 1909, em Turim, na Itália. Filha mais nova entre quatro irmãos; seu pai foi um engenheiro elétrico e matemático, já sua mãe foi uma pintora talentosa. Como relatou Rita, sua família desfrutava de um ambiente familiar cheio de devoção e amor. Todavia, haviam muitos costumes considerados pela pesquisadora como “vitorianos”, tais como ser o homem quem tomava as decisões na casa, e, também, a crença de que estudos e carreira profissional interferiam negativamente na vida, como esposa e mãe, das mulheres [1,3].
Aos vinte anos, Rita Levi viu que não poderia mais desempenhar esse papel, deixando de lado as crenças de seu pai; ela pediu permissão a sua família para ingressar nos estudos, e esta foi concedida. Assim, em um ano de estudos conseguiu preencher lacunas faltantes em seu ensino médio, e, em 1930, ela ingressou na Universidade de Torino, graduando-se no ano de 1936 em Medicina. Levi-Montalcini foi também uma das alunas do neurohistologista Giuseppe Levi, com o qual aprendeu algumas técnicas, como o uso da prata para tornar visível células nervosas em microscópio [1,3].
“[…] Somos gratos a ele por um excelente treinamento em ciências biológicas e por ter aprendido a abordar os problemas científicos da maneira mais rigorosa em uma época em que tal abordagem ainda era incomum…” – (THE NOBEL PRIZE, Rita Levi-Montalcini, 1986).
Ainda em 1936, no ano de sua formação, Rita havia feito matrícula para uma especialização em neurologia e psiquiatria. Entretanto, Mussolini, em 1938, publicou o “Manifesto per la Difesa della Razza” (do Italiano, Manifesto pela defesa da raça), o qual (para evitar a repetição de “manifesto”) conteve dez artigos que faziam a defesa da existência de diversas raças, entre elas a ariana. O pensamento totalmente equivocado em relação à existência de raças consideradas melhores foi seguido de diversas leis que proibiam cidadãos italianos não-arianos de realizarem pesquisas e estudos científicos [4].
Foi nesse contexto que Rita Levi-Montalcini, de descendência judia, continuou suas pesquisas em seu próprio quarto. Utilizando artigos de Viktor Hamburger como inspiração e base para seus experimentos, ela conduziu pesquisas a respeito do desenvolvimento nervoso em embriões de galinha e, posteriormente, publicou a respeito desse estudo, falando de fontes de construções nervosas [2].
Nos anos de 1941 a 1943, a pesquisadora passou por dois momentos de grande movimentação, inicialmente com o bombardeio em Turim, no qual precisou mudar-se para o interior de sua cidade e construiu sozinha, mais uma vez, um pequeno laboratório. Esse laboratório não durou muito pois, em 1943, quando aconteceu a invasão alemã na Itália, Rita foi obrigada a fugir para Florença, onde ficou refugiada no subsolo até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando, como médica, trabalhou no campo de refugiados salvando vidas por um ano [1,2].
Começou a lecionar na Universidade de Torin e, em 1947, recebeu um convite de Viktor Hamburger para realizar uma residência com ele na Universidade de Washington, em St. Louis. Passou três décadas nos Estados Unidos realizando pesquisas e lecionando como professora.
Por consequência de tudo isso, em 1952, começou uma pesquisa com o bioquímico Stanley Cohen, onde juntos isolaram o fator de crescimento nervoso e epidérmico. A pesquisa foi importante por mostrar como o crescimento e regulamento das células funcionam [5].
Rita Levi-Montalcini morreu em 2012, com 103 anos, e, além de toda a história contada, foi também fundadora e presidente do European Brain Research Institute. No fim de sua vida, recebeu diversos prêmios pelas descobertas e, em suas entrevistas, sempre falou sobre a importância de estudos e pesquisas. Rita não se casou nem teve filhos, preferindo dedicar sua vida por completo à ciência.
Autora: Mariana Carachinski.
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