quinta-feira, 11 de julho de 2024

POEMA

 






VOAR NA POESIA

 

 

Uma mancha de tinta levanta-se do papel

e começa a flutuar nas rotas do pensamento.

A noite chegou…levemente foi entrando na sobriedade das montanhas, escuras, tamanhas…

 

Um leite de silêncio escorre-me pelos dedos

pronto a deitar-se no oceano dos poetas que peregrinam,

 de pensamento em pensamento, até à  palavra perdida…

 

 

Uma neblina mística rouba a iluminação das árvores…

Um luar sublime de antigos encontros enlaça-se ao corpo-poema…

As pedras calmas do promontório absorvem a maresia, num mar de poesia…

 

Os meus olhos de ar azul cor-de-tinta vêem letras e sílabas

 por sobre um leito de águas,

 prontas a taparem fissuras das palavras adormecidas no fogo dos sentidos…

 

………………………………………………….Há um odor pairando por sobre as camélias-rosa…

………………………………………………….Há vida escondida nas rosas a germinarem aromas…

………………………………………………….Há a minha doce Palavra-pronta-a-nascer…

 

---------------------------------------Nos corredores dum dicionário-santuário,

peregrina  de uma eterna viagem, falam -me sílabas errantes,

vagabundas  da arquitectura  lexical,

ansiosas por se juntarem no AMOR, às rosas

das profundidades distantes…

 

……………………………………………Urge a escrita!

…………………………………………..Urge o poeta na escrita!

…………………………………………..Urge a escrita do poema que reúna as árvores

…………………………………………..do sintagma, fora da cidade negra dos lamentos do Homem!

 

Não alieno meus versos, apesar da sanha das borboletas

a  voarem por sobre lagos de cristal, de fundo azul.

Neles, renasço-nascendo

para chegar a Ser-o-Sonho que anda perdido…

…perdido por se encontrar nas idades que vou tendo,

neste voar pelo reverso do meu verso,

magia do que-vou-sendo…

 

Maria Elisa Ribeiro

JUL/2013

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