terça-feira, 31 de outubro de 2023

MARGHERITA - Riccardo Cocciante

Boa noite, meus amigos!


 

A carreira de Mário de Sá-Carneito, in WIKIPÉDIA









Na fase inicial da sua obra, Mário de Sá-Carneiro revela influências de várias correntes literárias, como o decadentismo, o simbolismo, ou o saudosismo, então em franco declínio; posteriormente, por influência de Pessoa, viria a aderir a correntes de vanguarda, como o interseccionismo, o paulismo ou o futurismo.

Nessas pôde exprimir com vontade a sua personalidade, sendo notórios a confusão dos sentidos, o delírio, quase a raiar a alucinação; ao mesmo tempo, revela um certo narcisismo e egolatria, ao procurar exprimir o seu inconsciente e a dispersão que sentia do seu "eu" no mundo — revelando a mais profunda incapacidade de se assumir como adulto consistente.

O narcisismo, motivado certamente pelas carências emocionais (era órfão de mãe desde a mais terna puerícia), levou-o ao sentimento da solidão, do abandono e da frustração, traduzível numa poesia onde surge o retrato de um inútil e inapto. A crise de personalidade levá-lo-ia, mais tarde, a abraçar uma poesia onde se nota o frenesi de experiências sensórias, pervertendo e subvertendo a ordem lógica das coisas, demonstrando a sua incapacidade de viver aquilo que sonhava — sonhando por isso cada vez mais com a aniquilação do eu, o que acabaria por o conduzir, em última análise, ao seu suicídio. Estudos recentes evocam a influencia de Oscar Wilde na obra do autor dias antes do seu suicídio. Acredita-se que, atormentado pela leitura de De Profundis, Mário de Sá-Carneiro teria visto o ponto final de sua vida e sua carreira.

Embora não se afaste da metrificação tradicional (redondilhasdecassílabosalexandrinos), torna-se singular a sua escrita pelos seus ataques à gramática, e pelos jogos de palavras. Se numa primeira fase se nota ainda esse estilo clássico, numa segunda, claramente niilista, a sua poesia fica impregnada de uma humanidade autêntica, triste e trágica.

Por fim, as cartas que trocou com Pessoa, entre 1912 e o seu suicídio, são como que um autêntico diário onde se nota paralelamente o crescimento das suas frustrações interiores. 

Pink Floyd Mandolin Orchestra Shine On You Crazy Diamond Mank Rüber Pree...

Fado das Andorinhas | Grupo de Fado d'Anto | Serenata da Latada 2023

Bryan Adams - Have You Ever Really Loved A Woman? (Classic Version)

Bom dia, meus amigos (as) !


 

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Fado da Despedida - João Conde da Veiga, Luiz Goes | Capas ao Luar - Ser...

EROS RAMAZZOTTi STELLA GEMELLA

POEMA

 






 POETA SENTE: PINTOR=POETA-----QUADRO DE MONET

 

Luz e treva...

Dicotomia infernal de que se compõe a Vida

Na agitação total.

Um sopro superior a criou!

Empenho-me no caminho da minha descoberta

Certa de que não há certezas.

Engano-me,erro,concluo que nãoconsigo distinguir pontos relevantes

Da Luz que devia iluminar-me, aquela claridade interior que torna o Ser Superior...

...DEUS, Senhor Criador!

Ser imperfeito do espaço sideral, sei que erro.

É a treva , Senhor, do sol que não queres abrir, para que encontre minha flor,

No meu interior a Florir.

 

Pesa-me a desarmonia, o desiquilíbrio de forças entre a Luz e a treva fria.

Não ouço trinados de alegres rouxinóis.Mentem-me os sóis que se acendem,

Como faróis a iluminar os meus percursos de Desilusão.

 

É desilusão! É quimera! É contínua a minha espera!É dor...não mente!

É Poeta alucinada...SENTE!

 

 

 

©Maria Elisa Ribeiro

Texto registado

Maio/2016

Sobre Pe Vieira-A autora reflecte sobre o texto "É a guerra..." com artigo seu.

 

SOBRE A GUERRA...










DE Pe António Vieira, in Pesquisa Net :

“É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre, que leva os campos, as casas, as vilas, os castelos, as cidades, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que, ou se não padeça, ou se não tema, nem bem que seja próprio e seguro. O pai não tem seguro o filho, o rico não tem segura a fazenda, o pobre não tem seguro o seu suor, o nobre não tem segura a honra, o eclesiástico não tem segura a imunidade, o religioso não tem segura a sua cela; e até Deus nos templos e nos sacrários não está seguro”.
(“Sermão Histórico e Panegírico nos Anos da Rainha D. Maria Francisca de Sabóia”,

NOTA DE REFLEXÃO:

A guerra continua a ser tudo isto...Pe Vieira não o sabia... Mas a guerra, no século XXI é muito mais, é muito pior! É, sobretudo, um fruto saído do coração dos homens, em forma de ódio.

Hoje, a guerra sai dos canhões e das diferentes armas que o homem criou, armas altamente mortais e destruidoras que, aliadas à ganância e ao sentimento de ódio por tudo e todos os que são diferentes, se tornou "uma arma" de destruição maciça, que mete medo à Humanidade.Não seríamos humanos , se não estivéssemos, como estamos, com uma grande angústia a interrogarmos a nossa condição de "gente humana".

A Humanidade tem-se tornado tão desumana e tão animalesca, que já não pode permitir-se viver sem as guerras.Que dramático paradoxo!

Hoje, choramos com a França, a guerra que lhe é movida pela barbárie de um grupelho de doentes mentais , afectados por uma noção de religião, que nada tem a ver com a Religião.

Cabeças de ideias distorcidas e deslocadas no tempo, querem voltar aos anos 600-700-800 depois de Cristo e impor ao mundo as suas ideias satânicas de religião. Servem-se de armas altamente destruidoras , para ver se conseguem, através de verdadeiros actos de barbárie e terror, atingir esses dementes objectivos.

As loucuras deste novo mundo começaram, verdadeiramente, como todos sabemos, com cabeças que engendraram falsos motivos para guerras novas, como Bush, Tony Blair, Barroso e outros ,no IRAQUE, e permitiram que o ódio se fosse desenvolvendo como cogumelos venenosos, dos quais nenhum de nós está livre.

Ontem , a França... Amanhã, quem irá sofrer a sanha dos primitivos?

Antigamente, "os cruzados" saíam , por exemplo, da Charola do Convento de TOMAR, a cavalo; hoje, os novos "cruzados " vão em aviões supersónicos, armados de armas nucleares, que podem dar cabo do mundo, em segundos.
Somos, hoje, TODOS, "filhos de um deus menor", porque a grande verdade é que os motivos que conduziram ao que aconteceu em Paris, são os mesmos que podem afectar todo o mundo e cada um de nós.

Já nos não bastava o fanatismo político ; tínhamos que sofrer por um pior fanatismo, o religioso.Seremos, realmente, seres humanos? Por que é que aconteram "OS BALCÃS"?o IRAQUE? O AFEGANISTÃO? a SÍRIA?O CAMBÓDGIA, DE POL POT?

Não sou Politóloga...o que sei de política , é o que leio nos jornais e vejo nas televisões.Mas, não sendo burra, PENSO. E penso que as coisas não vão ficar por Paris...É aí que começo a saber o que é o medo que se deve sentir, quando se tem pela frente o fanatismo doente e bárbaro de "seres", como os do auto proclamado estado islâmico.

Maria Elisa Ribeiro-

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Filipe I de Espanha, II de Portugal

 No dia 12 de novembro de 1570, Filipe casa-se com Ana da Áustria, sua sobrinha, filha do imperador Maximiliano II da Áustria e da imperatriz Maria da Áustria.

Juntos tiveram três filhos, entre eles, o futuro rei Filipe II de Portugal.

Nesse período, Filipe II organiza nove conselhos: do Estado, de Castela, de Aragão, da Itália, das Índias, da Guerra, da Inquisição, das Ordens e da Fazenda. Organiza seis chancelarias e tribunais privilegiados ou de apelação.

Destrói os núcleos protestantes na península Ibérica (1559-1560), dispersa os mouros de Granada (1568-1571) e vence os turcos na batalha naval de Lepanto (1571) à frente da Santa Liga.

Ana morreu em Badajoz, Espanha no dia 26 de outubro de 1580, quando estava a caminho de Lisboa, vítima de uma gripe. Estava com apenas trinta anos.

Filipe I de Portugal

Em 1580, com a extinção da dinastia de Avis que não deixou descendentes, D. Filipe II da Espanha entra em Portugal e se faz reconhecer rei nas cortes de Tomar, em 1581, como neto do monarca português D. Manuel I.

É o início a Terceira Dinastia da Coroa portuguesa, designada como Filipina, assumindo o título de Filipe I, tinha cinquenta anos e prometeu viver em Portugal e manter os cargos públicos em mãos portuguesas.





Com Filipe I inicia-se um período de dominação espanhola, que só terminou em 1640.

D. Filipe I aproveitou a paz entre os dois reinos para reorganizar o país. Com um vasto território para governar, ficou conhecido como “rey de los papeles”, por estar sempre rodeado deles.

Em 1587, Filipe II, com interesses religiosos e comerciais, resolve lutar contra a Inglaterra e prepara uma força naval, composta de cerca de duzentas embarcações e um exército de vinte mil homens, a que chamou de Armada Invencível.

A derrota imposta pelos ingleses teve um desfecho desastroso, principalmente para Portugal, que viu a maior parte de sua frota naval ser destruída.

Em 1583, o monarca saiu de Portugal, onde nunca mais regressaria. Deixou como vice-rei o cardeal-arquiduque Alberto da Áustria, seu sobrinho, que assegurou o governo até 1598..

Filipe II da Espanha faleceu no palácio El Escorial, Espanha, no dia 13 de setembro de 1598. Foi sucedido por seu filho Filipe II de Portugal e III da Espanha.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Schubert - Ave Maria for violin and piano (COVER)

Boa noite, meus amigos (as) !


 

Sanremo 2020 - I Ricchi e Poveri: "Se m'innamoro - Sarà perché ti amo - ...

Temáticas das obras de Vergílio Ferreira





Por Rosa Maria Goulart

Autor de uma obra multifacetada, repartida pelo romance, o conto, o ensaio e o diário,Vergílio Ferreira afirmou-se sobretudo como um dos grandes romancistas do séc. XX. Nascido em Melo, distrito da Guarda, em 1916, e falecido em Lisboa em 1996, o local de nascimento ficou largamente representado nos espaços literários dos seus romances, como representados ficaram outros que ele percorreu, nomeadamente as cidades de Coimbra e de Évora e o seminário do Fundão.

Da aldeia, ficar-lhe-ia a imagem da montanha como local simultaneamente real e mítico, na reverberação da luz estival ou da neve do inverno; de Coimbra (em cuja Universidade estudou e que em 1993 lhe concederia o grau de Doutor Honoris Causa), gravar-se-lhe-ia na memória a Universidade no alto da colina, batida pelo sol, e metonimicamente cristalizada na guitarra dos fados e das baladas; de Évora, onde o autor foi professor lical durante catorze anos, captou Vergílio a luminosidade e a pureza dos seus espaços branços e a sua mítica ancestralidade. A contrastar com tudo isto, vem o seminário como espaço de clausura, de restrição das liberdades individuais, de terror e de princípios morais opressores.

Nos casos em que se trata de representar um real de características eufóricas (o que as salas e corredores do seminário de modo algum autorizavam de notar que, ao contrário desta, todas as outras foram experiências de adulto), o Autor procedeu na sua escrita a uma irrealização dos espaços conhecidos e percorridos, transfigurando-os sempre em lugares míticos a reenviar para um espaço originário, não raras vezes poético. Lisboa, sua última residência, ficar-lhe-ia, por contraste, e não obstante o largo tempo em que nela permaneceu, sempre à margem, como lugar de passagem onde se não cria raízes. Daí o irónico desabafo aquando de um acidente naquela cidade, a saber: que tinha sido atropelado e que era muito bem que o fosse, porque não era dali.

Tendo-se iniciado na escrita na década de quarenta do século XX, a primeira fase da sua ficção, com O caminho fica longe (1943), Onde tudo foi morrendo (1944) e Vagão “J” (1946), seria de convergência na estética neorrealista. Mais tarde, no prefácio à segunda edição deste último livro, o único dessa fase que ele aceitou reeditar, o escritor, num balanço autocrítico, que é também de crítica ao dito movimento, demarca-se já dessa estética, deixando expressas as suas preferências por uma outra, de teor existencial, mais preocupada com as questões inerentes ao homem em geral.

Na linha da filosofia existencialista, que teve em Jean-Paul Sartre um dos seus expoentes máximos, e de escritores como Camus e o Malraux escritor da «condição humana», mas tendo ainda, num horizonte mais recuado, Dostoievski, Sófocles e os tragediógrafos gregos, e, mais próximo de nós, Raul Brandão, Vergílio adotará definitivamente como seus os temas da vida e da morte, do amor, da solidão, da sondagem das profundezas do “eu”, na mira de um autoconhecimento que passa necessariamente pelo conhecimento do outro, da arte como forma de «dar a ver» o que a rotina do quotidiano esconde e como depuração da vida. Em última instância, mantém-se uma nunca pacificada questão em torno da «morte de Deus», com o qual Vergílio, contraditoriamente, não cessa de travar um persistente (angustiado?) diálogo, e uma nostalgia de Absoluto ou de Transcendência, como que a solicitar o preenchimento do lugar vazio deixado por esse mesmo Deus.

Colocando, a partir de Manhã Submersa e em quase todos os romances que se lhe seguem, a personagem/narrador no centro do universo narrado, Vergílio Ferreira faz irradiar a partir dela os problemas existenciais, sendo esse recurso, no seu entender, uma forma de «presentificar» a ação para assim ele próprio se aproximar mais do leitor, interpelando-o e comovendo-o. Neste sentido, está o frequente recurso à metaficcionalidade, um dos lugares utilizados por Vergílio Ferreira para pensar a arte dentro da arte ou o romance dentro de romance. E revelando-se este frequentemente, pelas características da enunciação, como o lugar de uma presença emocionada (a do eu que se narra), está aberto caminho para a expressão lírica, o que afeta categorias essenciais da narrativa como o tempo, que ora se desestrutura, originando a fragmentaridade, ora se suspende, transformando o precário tempo da vida das personagens em eternidade, ou como o espaço, que se oferece menos como local da ação do que como projeção de um encantamento irrealizante.

Transversal a toda a problemática da sua ficção está ainda o problema da linguagem como instrumento de comunicação que tanto é fonte de (des)entendimento entre os homens como limitação para dizer situações-limite. Daí a reflexão sobre a linguagem do quotidiano, sobre os (des)encontros que ela possa provocar, a que se opõe a palavra artística, a que nos coloca na senda do invisível, que diz a angústia, mas também a fascinação e o «puro espanto de existir».

Embora os livros anteriores a Aparição (inclusivamente Mudança, de 1949, cujo título é já tido como indicativo de uma viragem) viessem a anunciar uma evolução, é com este livro de 1959 que Vergílio será definitivamente consagrado como representante do romance de feição existencial. A partir daí ele glosará obsessivamente os mesmos temas, embora estes sejam expostos segundo diferentes estruturas narrativas e desenvolvidos a partir de um problema novo ou perspetivado de ângulo diferente. Fá-lo distanciando-se cada vez mais da narrativa dita clássica, com uma história bem contada e uma ordenação temporalmente sequenciada. A justificação apresentada é que vivemos na época do fragmento, que a solidez de uma narrativa una e coesa não se coaduna com o nosso tempo, ao qual falta unidade e coesão. De resto, afirma também, não lhe interessa contar histórias à maneira do século XIX, mas comover a «abalar» o leitor, deixando-lhe um problema para refletir.

Tendo, por mais de uma vez, sido apontado como «autor de um só livro», o escritor não se mostrou muito agastado com a afirmação, que geralmente lhe chegava como forma de crítica. E isto porque, no dizer do próprio, cada novo livro (e para ele «um livro é um registo do nosso diálogo com o mundo») pretendia tão-só apresentar um determinado estádio da sua relação com esses temas que o dominavam. Assim se compreendem as particularidades que eles vão assumindo em cada um dos romances publicados: por exemplo, em Aparição havia sobretudo a experiência da aparição de si a si, ou seja, a descoberta do seu eu metafísico; Estrela Polar incide fundamentalmente nas relações do eu com o outro; Alegria Breve, prosseguindo nas mesmas preocupações introduz, de modo mais incisivo, o problema da solidão e da linguagem nova para dizer um mundo novo que se venha sobrepor ao que finda; Para Sempre é aquele onde a busca incessante da palavra mais se mostra, numa tentativa de ligar o verbo primordial ao último que o homem há de pronunciar; Até ao fim (1987) afirma-se, pelas manifestações «artísticas» caricaturais que aí são representadas, como uma contrafação da verdadeira arte e como a pobre herança que o fim do milénio tinha para legar ao seguinte; finalmente, Na Tua Face (1993) constitui uma questionação do escritor sobre o feio em arte, a saber: como é que o feio em arte não tem a fealdade das coisas feias da vida, mas a beleza que a arte lhe acrescenta.

Ensaísta notável, deixou-nos vários volumes de ensaios, uns de índole mais propriamente crítica (v.g., os de Espaço do invisível), outros (Carta ao FuturoDo Mundo Original Invocação ao Meu Corpo) aproximando-se, pela criatividade no tratamento dos temas e pela qualidade da escrita, da literatura. É isso visível em recursos técnico-formais como a figuração estilística, a estrutura sintática e o ritmo da frase, recursos que chegam a configurar certas páginas dessa prosa reflexiva como autênticas páginas de prosa poética.

Conta-Corrente, diário em nove volumes, cinco da primeira série e quatro da nova série, revela o quotidiano de um autor que se decide por um género que dantes várias vezes recusara, por se dizer avesso à escrita da intimidade. Não obstante isso, acabou por lhe não resistir, embora, sempre que sobre o mesmo diário se pronuncia, o coloque num lugar à parte, como se não fosse digno de se irmanar à parte mais nobre da sua obra, sobretudo ao romance. Seria este, pelo que da sua escrita foi desabafando no próprio diário, o género a que Vergílio Ferreira se dedicou com maior aplicação e maior esforço, por ser o género que, segundo ele, menos se compadecia com uma escrita «ao correr da pena» ou, ainda nas suas palavras, «de comportas abertas». Mesmo assim, o diário, tal como o romance, foi evoluindo no sentido da depuração e da reflexão intelectual mais elevada. Pensar (1992) e Escrever (2001), este de edição póstuma, a cargo de Helder Godinho, que surgem na lista das obras do Autor como «diário» são escritos fragmentários, frequentemente de caráter aforístico, numerados, e sem a indicação da data, no que se afastam das convenções do género. Todavia, a propósito do primeiro, Vergílio Ferreira achou-lhe uma justificação para esta classificação, designando-o por «diário do acaso de ir pensando». Uma espécie de reflexão ao sabor dos dias, registando, portanto, não o que ele teria vivido, mas o que diariamente se lhe oferece ao pensamento e à escrita.

Na sua vastidão, a obra de Vergílio Ferreira unifica-se nas preocupações temáticas que, sendo gerais, se configuram diferentemente consoante os géneros em que os temas são expressos. E sempre com a liberdade de quem as adapta ao seu jeito, transgredindo fronteiras entre narrativa e lírica, romance e ensaio, enfim, entre géneros ficcionais e não-ficcionais. Por isso também, o seu romance ficou conhecido pela dimensão ensaística que o Autor lhe imprimiu, classificando-o, ele próprio, de «romance-problema», igualmente conhecido por «romance-ensaio». Aliás, na perspetiva de Vergílio, o ensaio será o género que melhor poderá substituir o romance, no caso de algum dia se cumprir a, tão longamente anunciada, morte deste género literário."...

Dulce Pontes feat. DJ Mesmes - Cançao do mar (Song of the Sea) [Zoukable...

My Sweet Lord Billy Preston (TRADUÇÃO)ᴴᴰ "Concert For George in 2002"

ABBA Andante Andante (video)

POEMA

 Poema :

uma manhã diferente
alvorada cedo
flores a rezar ao sol
das verdades do coração
embriagado de luz
um céu limpo e azul numa brisa quente
uma primavera a prometer às veias do SER
o sangue rubro de um próximo verão
o meu limitado espaço de mundo
inundado de aromas celestiais
cheira a uma penetrante água-de-colónia
derramada na roupa de lã lavada
se ao menos eu pudesse interiorizar, absorvendo-os,
todos os odores naturais dos atalhos florestais
meu sangue vibraria nos caminhos onde
o sol alegremente brilhou
abrindo-me novos portais
©Maria Elisa Ribeiro
2022
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Apesar do mau tempo,bom dia meus amigos (as)!


 

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Boa noite, meus amigos!


 

POEMA

 AO CORRER DA PENA

O pensamento acompanha-me por todas as voltas que dou.
Está nos meus olhos,
quando vêem o mundo de paz de que ando à procura.
Está nos passos com que peregrino pelo belo-da-existência-a-acontecer.
Está, possante e determinado,
nos pés que enterro na areia molhada da praia
...e nas conchas e búzios que afasto
para saborear as águas frias das ondas espumosas.
Meu pensamento,
Decididamente,
É alegria e tormento...seja junto das pétalas florais, que nas colinas
Viradas ao mar resistem aos já conhecidos, antigos e gélidos do Atlântico,
Nosso mar e nossa dor de tempos idos,
Nosso celeiro de Ontem e de Sempre.
Sinto-o pulsante na ponta dos dedos,
que estão constantemente cheios de palavras
de sal e resina,
que vou ordenando
em versos dos meus poemas.
©Maria Elisa Ribeiro
FEV/2021
Pode ser uma imagem de oceano, horizonte e praia
Todas as reações:
António Duarte, Artidorio Hoeser e 2 outras pessoas

O Meu Desejo - Luís Goes - Coimbra Quintet

Poema






 AO CORRER DA PENA

O pensamento acompanha-me por todas as voltas que dou.
Está nos meus olhos,
quando vêem o mundo de paz de que ando à procura.
Está nos passos com que peregrino pelo belo-da-existência-a-acontecer.
Está, possante e determinado,
nos pés que enterro na areia molhada da praia
...e nas conchas e búzios que afasto
para saborear as águas frias das ondas espumosas.
Meu pensamento,
Decididamente,
É alegria e tormento...seja junto das pétalas florais, que nas colinas
Viradas ao mar resistem aos já conhecidos, antigos e gélidos do Atlântico,
Nosso mar e nossa dor de tempos idos,
Nosso celeiro de Ontem e de Sempre.
Sinto-o pulsante na ponta dos dedos,
que estão constantemente cheios de palavras
de sal e resina,
que vou ordenando
em versos dos meus poemas.
©Maria Elisa Ribeiro
FEV/2021
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